Mart'náliaNil Canine / Divulgação

Rio - Mart’nália lança um novo capítulo em sua carreira com o álbum "Pagode da Mart’nália", um tributo aos clássicos do pagode dos anos 1990. Em um projeto inspirado por um sonho de sua empresária, a cantora se aventura em um gênero que considera distante de seu estilo, reinterpretando sucessos de bandas que marcaram a história da música brasileira, com participações especiais de Caetano Veloso, Luísa Sonza e o pai, Martinho da Vila.
"O pagode dos anos 1990 fez um sucesso enorme em todo o Brasil e ajudou muitos músicos a mudarem suas vidas, a se encontrarem pessoal e artisticamente. Foi bem importante ver esse crescimento nas festas, indo para todos os cantos e misturando gente de todas as idades", diz Mart’nália.
O projeto é um exercício de liberdade criativa para a cantora, que moldou o álbum à sua própria cadência. "O que estou fazendo nesse novo trabalho é reverenciar esses grupos e compositores. Pois eles ajudaram a criar uma conexão maior do público com o samba, que ainda era marginalizado naquele período. Esse repertório marcou muito a memória afetiva das pessoas no passado e agora pode conectar ainda mais as novas gerações ao universo do samba", acredita.
Formado por grandes hits como "Cheia de Manias", "Coração Radiante", "Domingo", e outros clássicos, Mart’nália diz que interpretar essas canções foi um desafio, já que muitas não faziam parte de sua playlist pessoal. No processo de seleção das 12 faixas, ela escolheu canções que dialogam com seu estilo, criando novas interpretações para canções de grupos consagrados do gênero.
"Pedi para escolherem canções que achavam que eu ia ficar confortável cantando, porque tem muita coisa que eu não gosto de cantar, como tristeza demais, corno, morte, essas coisas… pedi uma seleção de 30 a 50 músicas. Também fui falando com meus sobrinhos quais músicas eles achavam que seria legal eu cantar e depois tirando o que não fazia sentido e cheguei a esse repertório", explica.
Em uma nova fase da carreira, a artista afirma que espera que o público possa reviver as lembranças da época e se conectar novamente com o samba. "Espero que gostem das músicas já conhecidas, com uma forma ou outra de cantar e outros arranjos. É para trazer de volta essa forma de samba, onde eu já tive muito preconceito. É relaxar também, a vida não é tão séria assim", destaca.
Feats
Caetano Veloso e Martinho da Vila são referências que Mart’nália considera fundamentais para o projeto. "Chamei Caetano e meu pai como se fosse um aval. Caetano que me produziu em 2001, foi onde eu considero que comecei a cantar de verdade", lembra. A presença de Luísa Sonza, por outro lado, foi um aceno ao público jovem e uma tentativa de trazer uma voz nova para o álbum. "A voz dela é uma voz forte para a idade dela. Ter uma pessoa nova, de outro conceito para gente misturar foi legal para caramba".
Família
Mart’nália detalha com carinho como é trabalhar em família, principalmente com o pai, Martinho da Vila. "É maneiro, trabalhar com meu pai é sempre maravilhoso, bom e divertido. Eu aprendi com meu pai no palco, tocando o tamborim e fazendo vocal. E é sempre uma alegria. Meu pai é o meu maior fã, eu acho. Puxa um saco danado, fico até com vergonha. É muito prazeroso e carinhoso a forma como a gente se dá, como a gente se gosta. Foi legal poder contar com ele também no disco".
A artista reflete sobre sua trajetória e a liberdade que encontrou na música. "Fui lembrando sempre do conselho do Djavan: ‘Martina, você não pode ficar presa nos rótulos. Você pode cantar o que você quiser, canta o que você quiser’. Meu pai também fala para eu fazer o que eu quiser. A música permite. Tento fazer isso de uma forma natural e não forçada".
Ela ainda admite que seu caminho na música foi inesperado. "Nunca pensei em ser cantora, é o que sobrou e acabou virando uma carreira. Foi despretensioso porque eu cresci nesse meio. Não existe fórmula de sucesso, é uma besteira. Nada é para sempre também. Então, agora é cantar e curtir. Depois de um tempo, eu sei que a minha função é divertir as pessoas".
Para Mart’nália, a canção tem o poder de unir. "Nos anos 90 tinha muita separação do pagode e samba, era uma briga do caramba, ninguém falava direito. Graças a Deus acabou, a música uniu, o samba une", relembra. "A música é uma das artes que mais une todo mundo, tira os preconceitos, porque não tem jeito, porque quando você percebe já estava cantando a música", afirma.