Rosinha é interpretada por Virginia CavendishLaura Campanella
Virginia Cavendish celebra volta às telonas como Rosinha em 'O Auto da Compadecida 2'
'Rosinha é uma mulher independente brasileira como eu', destaca a atriz ao DIA
Rio - Virginia Cavendish, eternizada como Rosinha no clássico "O Auto da Compadecida (2000)", retorna ao papel que marcou sua carreira mais de duas décadas depois. Aos 54 anos, a atriz, reconhecida por sua versatilidade no teatro, televisão e trabalhos como diretora e produtora, está de volta às telonas em "O Auto da Compadecida 2". Ao DIA, Virginia compartilhou reflexões sobre sua trajetória, os bastidores do longa e a emoção de revisitar um personagem tão icônico.
Quando o primeiro filme estreou nos cinemas, Virginia tinha 29 anos. Agora, a atriz revela que reviver Rosinha foi uma mistura de surpresas e desafios. "Eu nunca imaginava que a gente fosse fazer isso de novo. Quando o Guel Arraes [diretor] me convidou, fiquei sem acreditar. O primeiro filme foi revolucionário, uma experiência muito feliz, e Rosinha é uma personagem muito querida pelo público. Até hoje, nas redes sociais, recebo mensagens carinhosas. Saber que participei de um filme que entrou para a história é muito especial", destacou.
Sobre a volta ao papel, Virginia inicialmente mostrou-se preocupada em encontrar o "encaixe" da personagem novamente. "Era um medo que foi se apagando com os ensaios. Eu entendi que não tem essa de caber ou não, eu sou a Rosinha".
'Rosinha é uma mulher independente brasileira como eu'
A nova fase de Rosinha reflete transformações que também marcaram a trajetória pessoal da atriz. No novo longa, a personagem, que vive o affair de Chicó (Selton Mello), retorna à cidade como caminhoneira independente, diferente da mocinha da primeira produção.
"Agora, a Rosinha está mais empoderada. Ela arruma um trabalho e vira caminhoneira. No começo do filme, ela e o Chicó não estão mais juntos. Existe um laço sólido entre eles, um amor de vida, mas agora ela é uma mulher madura, dona da sua vida e sabedora do que importa para si".
O empoderamento feminino na trama do filme é outro ponto importante para Virginia. "A década de 50 era um período em que as mulheres estavam muito presas a papéis domésticos. Trazer uma Rosinha independente é uma força motriz para mostrar que todas nós devemos tomar as rédeas de nossa vida. O amor é importante, mas não é tudo. Durante muitos anos, o amor romântico foi uma cilada para as mulheres, algo que os homens nunca enfrentaram. Eles estavam inventando, criando, enquanto nós ficávamos presas a essas ideias", contextualiza.
Memórias e reencontros no set
Os bastidores trouxeram reencontros emocionantes, como Selton Mello e Matheus Nachtergaele, que vive o folclórico João Grilo. "Voltar a Taperoá (na Paraíba) foi como entrar em uma máquina do tempo. Contracenar novamente com o Selton e o Matheus foi muito emocionante. A intimidade voltou instantaneamente. Não parecia que tinham se passado 24 anos. Todos nós envelhecemos, cada um com sua carreira e diferentes rumos, mas trazer esses personagens agora, com tudo o que somos hoje, foi muito bonito."
Virginia também recorda as filmagens do primeiro filme, marcadas pela convivência intensa em Cabaceiras, também na PB. "Ficamos juntos por seis semanas naquele calor infernal, comendo cuscuz com ovo depois das filmagens. Essa intensidade de relação sedimentou a união do elenco e foi fundamental para o filme", apontou.
Ela também comemora a parceria profissional com o ex-marido e diretor do filme, Guel Arraes. "A gente se dá muito bem. No set, ele é um dos melhores diretores para trabalhar. Eu acho ele lindo dirigindo, eu fico fascinada pela energia dele e pela capacidade de excelência. É um dos diretores que eu tenho mais confiança no que está dizendo. Fizemos muitos projetos juntos, e tudo o que fazemos dá muito certo. Foi maravilhoso redescobrir a Rosinha ao lado dele."
"As pessoas não têm muita facilidade para conversar. Quando se separa, obviamente, existe dor mas existe o amor também. Então, é deixar que o amor fale mais alto do que a dor", ponderou a atriz.
Virginia celebrou ainda a carreira da filha, Luísa Arraes, sua filha com Guel, que também está no filme. "A Luísa tem vocação, talento e disciplina. Tudo que ela faz dá muito certo. É maravilhoso acompanhar sua trajetória. Sou muito apaixonada pela minha filha, ela é a pessoa que mais me conhece, que mais está do teu lado, que mais torce por mim. Torcemos muito uma pela outra. Temos uma produtora juntas e, um dia, espero que possamos trabalhar novamente lado a lado."
Novos desafios
Além de "O Auto da Compadecida 2", Virginia tem se dedicado a projetos diversos. Entre eles, a série documental "O Segredo Delas", onde entrevistou atrizes veteranas, e a peça "Mary Stuart", que está em cartaz há dois anos e deve chegar ao Rio de Janeiro em 2025.
A artista também ampliou o trabalho como diretora e está desenvolvendo um novo longa-metragem. "Tenho ideias surgindo o tempo todo e amo idealizar projetos, escolher equipes e fazer isso acontecer. É o que me faz feliz."
A agenda cheia também trouxe equilíbrio entre os projetos e o estudo. Virginia finaliza um mestrado em História do Teatro na USP e considera transformar a pesquisa em um documentário. "Em fevereiro, vou defender minha tese de mestrado na USP. Comecei o mestrado na pandemia. Tudo tem a ver com o meu trabalho, no mestrado eu faço uma homenagem a atrizes empresárias como eu. Minha ideia é pegar esse trabalho e fazer um documentário no futuro".
Para 2025, a atriz tem metas claras: "Desejo continuar estudando porque adoro estudar, é uma coisa que complementa o ator. Nunca podemos parar de estudar".
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