Selminha SorrisoReprodução
“Esse termo (samba de escritório) não é muito do meu vocabulário, porque eu não sou uma pessoa da música. Gosto de música, preciso dela e as letras eu realmente faço questão de aprender com cada samba enredo, porque você tem que desfilar cantando e interpretando. O ‘subversivo Beija-Flor das multidões’. Eu perguntei ao Claudinho se ele sabe o que é subversivo e ele disse que já descobriu, porque subversivo não é uma palavra que está no vocabulário do nosso cotidiano. Acho que os sambas são lindos e que estamos num momento bem diferente das décadas de 70, 80, 90. O Carnaval cresceu muito e hoje quem julga o Carnaval são os intelectuais. Não é a massa que julga o Carnaval”, diz a porta-bandeira.
Ela ainda cita os intelectuais do passado que estavam diretamente ligados ao Carnaval. “Os intelectuais das décadas de 80 e 90 estavam muito mais inseridos nessa construção. O mestre Haroldo Costa é um intelectual e muitas pessoas que nós conhecemos pelos nomes ajudaram nessa evolução que é o Carnaval de hoje. Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, João Trinta, Rosa Magalhães, entre tantas pessoas são intelectuais. Eu vi a fala do Neguinho, entendi e respeitei. Acredito que temos grandes sambas-enredos sendo feitos por poetas do papel de pão ou por aqueles intelectuais que também sentam para compor o samba”, afirma.
Selminha completa dizendo que foi após assistir ao filme de Pitanguinha que sua percepção sobre intelectualidade e Carnaval mudou. “O branco intelectual gostou da nossa manifestação, da nossa cultura e foi se aproximando. O jovem branco da classe média foi gostando disso e foi se aproximando. Veio Noel Rosa, entre tantos outros poetas brancos e foram se aproximando e eles gostavam, porque não era um interesse rentável. Não era pelo dinheiro, era para estar realmente inserido naquela cultura”.
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