Enredo foi desenvolvido pelos carnavalescos João Vítor Araújo e Rosa MagalhãesDivulgação/ Ewerton Pereira
O enredo conta como o maior rebanho de búfalos do país foi parar na Ilha de Marajó, no Pará. Uma história que remonta ao período das grandes navegações entre ocidente e oriente, passa pela arte e cultura marajoara, inclui a dança do carimbó, e aborda a reverência do povo a esses animais no folclore local.
O carnavalesco João Vítor Araújo conta que ele e a carnavalesca Rosa Magalhães desbravaram essa trajetória que ainda não era conhecida pelos dois.
"Todo mundo já ouviu falar da Ilha de Marajó e todo mundo sabe que o símbolo é o búfalo. Mas ninguém nunca parou para se perguntar sobre sua origem. Nem eu e Rosa sabíamos dessa história. Aí começou a nossa aventura de desbravar de onde eles vieram", conta.
O enredo se inicia na Índia do século XIX, país de origem do búfalo. Os animais faziam parte do comércio internacional. Um carregamento que tinha como destino a Guiana Francesa sofreu um acidente. Diz a lenda que o navio colidiu em uma pedra durante uma tempestade. A tripulação humana não sobreviveu, mas os bichos conseguiram nadar até a costa da Ilha de Marajó.
"A partir daí, falamos das belezas da ilha e da arte marajoara. Depois do setor das artes, chegamos ao folclore marajoara com o grande mestre Damasceno. Um dos compositores mais famosos da Região Norte", explica João Vítor.
Mestre Damasceno é precursor do "Búfalo – Bumbá", uma adaptação do Auto do Boi, tendo como figura central o búfalo. A presença do boi foi largamente disseminada entre os povos Bantos africanos que, no período da colheita, conduziam um boi estilizado, em procissão animada por cantos e danças.
João Vítor afirma que o Paraíso do Tuiuti vai entregar tudo o que o público quer ver neste ano: "O Paraíso do Tuiuti tem o samba que todo mundo gosta; a rainha que todo mundo gosta; o cantor que todo mundo gosta; o casal que todo mundo gosta e a bateria do mestre Marcão. Sem contar com a comunidade do Morro do Tuiuti, que é o coração da escola", enumera o carnavalesco.
O intérprete Wander Pires vai estrear este ano no Tuiuti, assim como a rainha de bateria Mayara Lima. Até então princesa da bateria, a passista foi alçada ao reinado por forte clamor popular, após um vídeo em que aparecia sambando na Avenida viralizar. A repercussão engrossou a discussão sobre coroar passistas da comunidade para o importante posto carnavalesco.
Confira a letra do samba-enredo do Tuiuti 2023:
"Mogangueiro da Cara Preta"
Intérprete: Wander Pires
FOI TRAZENDO ESPECIARIAS QUE O BARCO NAUFRAGOU
NÓS MOSCADA, CRAVO, IGUARIAS
NO CAMINHO PARA AS ÍNDIAS A HISTÓRIA ETERNIZOU
O MARINHEIRO SE PERDEU NA MADRUGADA
O MOGANGUEIRO CORREU PARA O IGARAPÉ
A CURUMINHA ENTOOU UMA TOADA
ENQUANTO ABRIA-SE A FLOR DO MURURÉ
E NESSE ENCONTRO ENTRE O RIO E O OCEANO
A GRANDE ILHA QUE CULTIVA O CARIMBÓ
DIZEM QUE BICHOS AINDA FALAM COM HUMANOS
HÁ MUITOS ANOS NA ILHA DE MARAJÓ
EH! BATUQUEIRO NO SAMBA DE RODA CURIMBÓ
QUERO VER VOCÊ CANTAR COMO CANTA O CURIÓ
OKÊ CABOCLO ONDE VAI A PIRACEMA?
RIO ACIMA SEGUE O VOO DE UMA JURITI PEPENA
HÁ MÃO QUE MODELA A VIDA
NO BARRO MARAJOARA
E O BÚFALO QUE PISA
ESSE CHÃO DO PARAUARA
CHAMA O MESTRE DAMASCENO
PRA ENTOAR ESTA CANÇÃO
DAS CANTIGAS DA VOVÓ
DO TEMPO DA ESCRAVIDÃO
É LÁ! É LÁ! É LÁ!
CANOEIRO VIVE SÓ "MORENÁ"
É LÁ! É LÁ! É LÁ!
MAS PRECISA DE UM XODÓ
CADÊ O BOI?
O MOGANGUEIRO, O MANDINGUEIRO DE OYÁ
MEU TUIUTI NÃO TEM MEDO DE CARETA
TRAZ O BOI DA CARA PRETA DO ESTADO DO PARÁ
Presidente: Renato Thor
Enredo 2023: Mogangueiro da cara preta
Carnavalescos: Rosa Magalhães e João Vítor Araújo
Diretor de Carnaval: André Gonçalves
Intérprete: Wander Pires
Mestre de Bateria: Marcão
Rainha de Bateria: Mayara Lima
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane
Comissão de Frente: Lucas Maciel e Karina Dias
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