Noca da Portela homenageia o amigo Zeca Pagodinho junto com a sua netaThalita Queiroz / Agência O Dia

Rio - Considerado um dos maiores nomes do samba de todos os tempos, Osvaldo Alves Pereira, o Noca da Portela, vai participar da homenagem a Zeca Pagodinho pela Grande Rio. Aos 90 anos, ele exibe bom humor e o mesmo brilho no olhar ao chegar na Sapucaí.
Para ele, participar deste momento é uma oportunidade única. "O Zeca é o meu ídolo e de todo o samba. Um cara fora de série. Querido pelas crianças e adolescentes. Estou com uma felicidade imensa em homenagem ele", disse.

Referência na Portela, Noca afirma que no samba não há rivalidade e por isso está neste domingo (19) prestigiando o amigo pela Grande Rio. Trajado com seu manto azul e branco, Noca reforça que o amor une todos no samba.

"O samba é uma religião onde todos nós sambistas rezamos o mesmo catecismo. Saindo daqui todo mundo come e bebe do mesmo prato e mesmo copo", ressaltou.

Mesmo fazendo uso de cadeira de rodas, Noca diz que se sente bem e com muita saúde nos auges dos 90 anos. “É o samba que alimenta o meu corpo e minha alma. Aprendi isso através do Cartola, Nelson cavaquinho… todos aprendemos isso”.

Noca entra na Sapucaí acompanhado da neta Andressa Vilela, de 28 anos, uma das seis netas. “É uma alegria para homenagear o Zeca Pagodinho, um grande amigo do meu avô. Ele é espetáculo e testemunho para todos nós, um grande amigo do meu avô. O Noca foi uma figura muito importante para ele no começo, não apenas como artista, mas como o amigo. Alegria testemunhar isso com meu avô”, disse.
Busca pelo bicampeonato
Após ganhar o tão sonhado primeiro troféu, a tricolor de Caxias já está com sede de gritar, com um copo de cerveja na mão, o bicampeonato escrito em uma faixa amarela, com a homenagem ao mestre Zeca Pagodinho. A escola é a segunda a desfilar neste domingo (19) no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
O enredo se aventura no estilo do artista que, segundo relata o carnavalesco Leonardo Bora, ainda nos anos 80 era chamado de Noel Rosa do Irajá, que, assim como o poeta da Vila, tinha forte ligação com o território e era um cronista do cotidiano. A característica de andarilho musical permite pensar, a partir de cada lugar, os subúrbios do Rio, a Baixada, o modo de vida do samba, seu espírito inconfundível de um filho dessa terra; um quase 'Zeca way of life', como diz o enredo. Ou um 'Deixa a vida me levar', como o próprio homenageado cantou e canta até hoje.
Zeca, como se sabe, é torcedor declarado da azul e branco de Oswaldo Cruz. No samba, também nota-se referências à carreira do cantor, como o Cacique de Ramos, berço de muitos bambas do samba carioca, como também a madrinha Beth Carvalho, responsável direta no início do trabalho do artista.