Rio - "Ô, Zeca, o pagode onde é que é?". De acordo com o título do enredo da Grande Rio, ele vai ser lá na Passarela do Samba. Após ganhar o tão sonhado primeiro troféu, a tricolor de Caxias já está com sede de gritar, com um copo de cerveja na mão, o bicampeonato escrito em uma faixa amarela, com a homenagem ao mestre Zeca Pagodinho. A escola é a segunda a desfilar no domingo (19), entre 23h e 23h10.
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O enredo se aventura no estilo do artista que, segundo relata o carnavalesco Leonardo Bora, ainda nos anos 80 era chamado de Noel Rosa do Irajá, que, assim como o poeta da Vila, tinha forte ligação com o território e era um cronista do cotidiano. A característica de andarilho musical permite pensar, a partir de cada lugar, os subúrbios do Rio, a Baixada, o modo de vida do samba, seu espírito inconfundível de um filho dessa terra; um quase "Zeca way of life", como diz o enredo. Ou um "Deixa a vida me levar", como o próprio homenageado cantou e canta até hoje.
"Será uma obra bastante metalinguística, sobre viver e fazer o gênero musical", detalha Bora, autor do enredo com o parceiro Gabriel Haddad.
A escola faz quase que uma ode ao Carnaval e ao Rio, por assim dizer. Uma celebração ao samba, a folia que retorna a fevereiro, sua data costumeira. Assim como festeja também a memória de todas as escola de samba.
"Vai ter nossa saudação à Portela, a mais jovem reverenciando a mais antiga”, comenta o carnavalesco.
Zeca, como se sabe, é torcedor declarado da azul e branco de Oswaldo Cruz. No samba, também nota-se referências à carreira do cantor, como o Cacique de Ramos, berço de muitos bambas do samba carioca, como também a madrinha Beth Carvalho, responsável direta no início do trabalho do artista.
Buscando alcançar um feito que não é visto desde 2007/2008, a Grande Rio vai com tudo em nome do segundo caneco consecutivo. Após o enredo histórico sobre Exu, a agremiação quer repetir a dose com um trabalho, segundo eles, muito pé no chão voltado para a base da escola.
"Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A gente quer que o Zeca seja muito diferente do Exu, mas tão potente quanto", crava Bora.
Cante com a Grande Rio
Compositores: Gustavo Clarão, Arlindinho Cruz, Jr. Fraga, Claudio Mattos, Thiago Meiners e Igor Leal Intérprete: Evandro Malandro
“Ô, Zeca, tu tá morando ondé?” Saí com meu povo a te procurar… Botei minha cerva na encruzilhada Pra moça da saia rodada e pro “ôme” da capa Cadê você? É alvorada do seu padroeiro Pra agradecer Ao mensageiro de São Jorge Guerreiro Tem patuá pra proteger E tem mandinga no Velho Engenho Quem tem um santo poderoso que é Ogum? Eu tenho!
Nas bandas do Irajá, gelada no botequim Assim vou vadiar até no gurufim Se tem patota, Ibeji e ajeum Salve Cosme e Damião, Doum!
Ê que bela quitanda, quitandinha de Erê! Seu balancê Tem quitandinha de Erê!
Passei procurando na feira Em Del Castilho e na Tamarineira E na gafieira, boêmios, malandros Pelos sete lados eu vou te cercando Jessé! Jessé! Fiz um pagode pra Madrinha, salve ela! Saudei a voz da Velha Guarda da Portela E lá na roça vi florir um Carnaval… Zeca! Levante o copo para o povo brasileiro Te encontrei nesse terreiro Xerém é o seu quintal!
Deixa a vida me levar Onde o samba tem valor… Meu candiá Encandeou! Sou Grande Rio carregado de axé Minha gira girou na fé
Ficha Técnica
Enredo 2023: "Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar!" Carnavalescos: Leonardo Bora e Gabriel Haddad Diretor de Carnaval: Thiago Monteiro Intérpretes: Evandro Malandro Mestre de Bateria: Fafá Machado Rainha de Bateria: Paolla Oliveira Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Daniel Werneck e Taciana Couto Comissão de Frente: Hélio e Beth Bejani
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