Guanayra Firmino destacou o poder das mulheres negras no enredo da MangueiraRachel Siston / Agência O Dia

Rio - "As Áfricas que a Bahia canta" da Estação Primeira de Mangueira, última do primeiro dia do Grupo Especial, leva para a Marquês de Sapucaí uma celebração à ancestralidade, com destaque para a força e o protagonismo das mulheres negras. A presidente Guanayra Firmino contou que já sonhava com o enredo que destacasse as mulheres como ela antes mesmo de assumir o comando da escola.

"Para mim é estar representando a minha comunidade, que é, predominantemente de mulheres negras, a minha ancestralidade, a minha escola. Era um enredo que eu sonhava antes de ser presidenta da Mangueira e quando eu conversei com os meus dois carnavalescos, eu tinha uma ideia de enredo bem parecida", revelou.

Entre os destaques da escola, estão a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a jornalista Flávia Oliveira e a escritora Djamila Ribeiro. Para Guanayra, o trio vai levar para a avenida a mensagem de que os negros, principalmente as mulheres e os periféricos, podem ocupar qualquer espaço que quiserem na sociedade.

"Elas representam a força da mulher negra, da mulher de periferia, a mulher guerreira e, principalmente, são exemplos de mulheres para mim. É reafirmar o que eu já acreditava, que a mulher pode ser o que ela quiser, o pobre pode ser o que ele quiser e a mulher negra pode ser o que ela quiser. Elas não representam só o meu enredo, junto comigo e com as mulheres anônimas aqui da Mangueira, elas representam a força e a garra da mulher".

A presidente ainda disse estar muito orgulhosa pela agremiação apresentar um desfile 'de cria'. "Eu tenho uma diretoria de cria. Mas, na minha posse eu falei: 'não basta ser cria, é o cria competente. Tem pessoas que não são criadas na Mangueira, mas são criadas na escola de samba. A ideia era dar espaço ao pessoal que é dali, que eu sei que sabe fazer, mas que por um motivo ou outro, não tinha essa possibilidade. Todos eles estão me dando muito orgulho do que estão fazendo e a ideia era essa, mostrar que nós, pessoas como eu, que nasci lá, que me criei lá, que a gente pode fazer", completou Guanayra.
Para a rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos, é a conexão com a ancestralidade que permite que a escola continue crescendo. Há dez anos no posto, ela conta que sempre fica nervosa quando está prestes a entrar no Sambódromo, mas está confiante das chances da verde e rosa ser a campeã do Carnaval de 2023.

"Eu ainda fico muito nervosa, mas não me afeta, é um nervosismo bom. Não tem uma palavra que eu vá falar, que pode chegar perto (de descrever), é o nervosismo, o frio na barriga de sempre. Eu sou uma mulher preta de comunidade, (ser rainha) é muito representativo para mim. Expectativa de mais um título, de mais uma vitória para a Mangueira", afirmou a rainha.