Ivan Moreira, Carlo Caiado, Eduardo Paes, Nestor Rocha e Luiz Antonio GuaranáDivulgação

Rio - O prefeito Eduardo Paes prestou uma homenagem ao autor da ideia do projeto original do Sambódromo, na noite deste sábado (17), durante o Desfile das Campeãs. Nestor Rocha, que era secretário de Turismo da cidade e presidente da Riotur em 1983, recebeu uma placa comemorativa pelos 40 anos de inauguração da Passarela do Samba. Foi ele quem sugeriu ao então governador Leonel Brizola (1922-2004) que construísse um local permanente para abrigar os desfiles.
A homenagem a Nestor, de 71 anos, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM), contou, ainda, com as presenças do presidente da Câmara, vereador Carlo Caiado (DEM), do presidente do TCM, Luiz Antonio Guaraná, e do conselheiro-corregedor Ivan Moreira. A jornalista e apresentadora Liliana Rodriguez, mulher de Nestor, também foi presenteada com um buquê de flores.
"Nestor criou aqui um ícone do Rio de Janeiro, uma marca da cidade, uma marca internacional e do Brasil. [A homenagem] é um reconhecimento da cidade, em nome dos cariocas, pela sua ideia, seu trabalho, sua força e sua energia", exaltou o prefeito.

"É uma emoção muito grande poder receber esse reconhecimento. Estendo ele a todos os que trabalharam comigo, porque alguns ficaram esquecidos. Então é uma alegria grande receber essa homenagem em vida. Não posso deixar de lembrar pessoas que estiveram comigo naquela época, como o José Luiz Azevedo, então diretor de comunicação da Riotur, que todos os dias passava na obra do Sambódromo e tirava fotos para que pudéssemos acompanhar o andamento. Cito também o Boni, da Globo, que deu a ideia de pintar o asfalto de branco para que a imagem do desfile ficasse melhor da TV. Por isso, agradeço pela homenagem ao prefeito, ao presidente do TCM, Luiz Antônio Guanará, e ao presidente Caiado, representando a Câmara, que é a minha origem", disse Nestor, que foi eleito vereador em 1982 e teve quatro mandatos.

Convenceu Brizola

Também responsável pela ideia de dividir o espetáculo em dois dias (domingo e segunda) e mais outro para o Desfile das Campeãs, Nestor havia assumido a Secretaria de Turismo e o cargo acumulado de presidente da Riotur, em 1983. Na ocasião, assim como em anos anteriores, o grande problema da logística dos desfiles era a montagem e a desmontagem de estruturas tubulares das arquibancadas, processo que costumava durar até seis meses.

"Era sempre aquele monta e desmonta. Era um absurdo, caríssimo, porque as empresas se juntaram e fizeram um cartel, e aí botavam o preço que quisessem para fazer aquilo, geralmente em ritmo de emergência", relembrou.

Durante uma reunião na casa de Brizola, ele aconselhou o governador a construir um um espaço fixo que abrigasse o público e servisse como "palco" para o Carnaval, diminuindo os custos e acabando com os transtornos no entorno da Avenida Marquês de Sapucaí, onde as escolas já se apresentavam.

"Dei a ideia ao Brizola e falei que era importante ele encampar a ideia e o projeto, porque se eu falasse que era meu, ninguém iria acreditar e não iria para frente. Tinha que ser alguém com muita força levasse a proposta adiante."

Nestor detalhou que o desenho inicial foi desenvolvido com a ajuda de dois arquitetos da Riotur. "O projeto criava, também, um espaço enorme embaixo das arquibancadas. Além disso, abrigaria escolas pré-moldadas como as que foram criadas pelo Brizola quando governador do Rio Grande do Sul. Quando toquei no assunto das escolas, o Brizola pulou de alegria."

Feliz com a aprovação do governador, Nestor chegou a chamar o renomado arquiteto Sérgio Bernardes (1919-2002) para se juntar à empreitada. Nas semanas seguintes, no entanto, depois de conversas sobre a estética da futura construção, Oscar Niemeyer (1907-2012) acabou assumindo o projeto em definitivo, ao ser convidado pelo vice-governador Darcy Ribeiro (1922-1997), de quem era muito próximo.

Muitas sugestões de lugares para abrigar o Sambódromo foram cogitadas, inclusive a Barra da Tijuca e Jacarepaguá, na Zona Oeste. Mas o pouco tempo para entregar a obra a tempo para o Carnaval fez com que o local escolhido fosse a própria Avenida Marquês de Sapucaí.

"O governador [Brizola] assumiu para ele aquela responsabilidade de fazer o Sambódromo em quatro meses. Hoje em dia, isso seria impossível de imaginar. E o risco? E se demorasse a ficar pronto? Não tinha plano B. Não daria tempo de montar a estrutura tubular, pois elas levavam quatro meses para serem montadas e dois para serem desmontadas, então passavam seis meses. Não dava tempo de chegar na hora e pensar: 'não vai ficar pronta'", recordou.

Nova ideia

Quarenta anos após a inauguração da Passarela do Samba, Nestor revelou que agora gostaria de ver os desfiles divididos em três noites: domingo, segunda e terça. "A ideia é do presidente da Câmara, Carlo Caiado. Ficariam quatro escolas por dia, com o desfile começando às 22 e terminando às 4h. É uma ideia maravilhosa, que já está mudura. Acho uma sugestão muito interessante. Com isso a cidade conseguiria esticar a permanência dos turistas em mais um dia. Vamos conversar com o novo presidente da Liesa para ver o que eles pensam a respeito."