Rio — O Simpatia É Quase Amor chega ao seu 41º desfile em 2025 com a promessa de manter os ideais dos fundadores com o samba-enredo "Carnaval Sem Anistia", em referência aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ao DIA, o cantor, músico e compositor Tomaz Miranda, um dos organizadores do Simpatia, reforça a tradição do bloco, que terá concentração na Praça General Osório, em Ipanema, Zona Sul do Rio, às 16h, neste sábado (22).
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"A expectativa [para o desfile] é a melhor possível. A gente preparou um enredo a partir da camiseta do Leandro Vieira, carnavalesco da Imperatriz, da Mangueira. Ele fez uma arte bonita propondo o tema 'Carnaval Sem Anistia', em referência à tentativa de golpe do 8 de janeiro. O Simpatia nasceu na luta contra a ditadura, em 1984, pelas Diretas Já. Na época, os fundadores eram militantes contra a ditadura. Então, desde que o Simpatia nasceu, tem esse viés político e nunca deixou de se colocar. A gente comprou a ideia do Leandro. Vamos para a rua gritar 'Sem Anistia'", afirma o músico de 37 anos.
O repertório, segundo Tomaz, também terá espaço para marchinhas clássicas, como "Aurora", "Jardineira", "Hino do Bola Preta", "Máscara Negra", "Até Quarta-Feira", "Turma do Funil", "As Águas Vão Rolar" e outras.
Na folia desde pequeno
O envolvimento de Tomaz com o Carnaval começou ainda na barriga da mãe. Seu pai, Ari Miranda, um dos fundadores do Simpatia, faz parte da organização do bloco até hoje. Após anos de envolvimento com o Carnaval de rua, o cantor se aproximou das escolas de samba como admirador dos compositores da Velha Guarda. Até que em 2019 foi um dos autores do samba-enredo "História Para Ninar Gente Grande", da Mangueira, campeã naquele ano com um desfile antológico.
Na visão de Tomaz, manter a essência é fundamental para explicar a força do Simpatia mais de quatro décadas após o primeiro desfile. "Não tem coisa de horário escondido, bloco secreto. O Simpatia sempre sai no sábado anterior ao Carnaval, e no domingo de Carnaval, às 16h. Tem uma coisa muito 'Rio de Janeiro', onde a rua vira um espaço de estar, não de passar. A rua sempre é um lugar de passagem, de passar carros, ônibus. E no Carnaval, a rua é para passar gente brincando."
"Você vê o Cordão da Bola Preta, que para mim é, talvez, o bloco mais importante da história do Rio. São mais de 100 anos fazendo a mesma coisa. Tocando marchinhas de Carnaval, do Hino do Bola Preta, desfilando lá no Centro. Continuam fazendo a mesma, velha e boa receita que dá certo", opina.
Tomaz também menciona a beleza das praias da Zona Sul como uma característica que atrai pessoas. "No nosso caso, a gente desfila na praia, com uma vista linda, ar fresco, a brisa do mar. Quando está um dia de sol, a praia sempre fica um pouco mais cheia. Então, acabamos incorporando pessoas que estão lá."
Além do evento deste fim de semana, o Simpatia É Quase Amor volta a agitar a orla de Ipanema no próximo domingo (2).
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