Paulo Barros gera polêmica ao criticar enredos afro no CarnavalReprodução / Instagram

Rio - O carnavalesco Paulo Barros, conhecido por inovar no Carnaval carioca, criticou a predominância de enredos afro nos desfiles deste ano, e os considerou confusos para o público. A opinião foi dada em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e acabou gerando polêmica na web.
"A maioria dos enredos desse ano são afros, tudo já foi visto e revisto, e eu posso te garantir que 90% de quem está assistindo o desfile não vai entender nada", disse ele na ocasião.
Barros também criticou a forma como algumas histórias são contadas na Sapucaí. "Quando eu pego pra ver como vai ser a trama que uma escola vai contar sobre um Orixá, é uma confusão danada. Um apaixonado por fulano, tendo filho de ciclano. Filho de quem? Orixá de outro? É o que rege a cabeça de quem? Sinto muito, eu não assimilo. Eu sou brasileiro, então sou meio macumbeiro, meio católico, meio budista, tudo junto. Todo bom católico é um ótimo macumbeiro", acrescentou.
A declaração rapidamente ganhou repercussão, gerando reações tanto de apoio quanto de críticas nas redes sociais. Com a polêmica instaurada, o carnavalesco decidiu reforçar sua posição em um vídeo postado no Instagram, nesta terça-feira (25).
"Não venham querer me entubar uma responsabilidade e uma obrigação de ter que falar de temas africanos. Não gosto. É uma opinião minha. Não gosto", declarou Barros.
Segundo ele, sua opinião precisa ser respeitada. "Eu tenho o direito de pensar dessa forma. O direito é meu. As pessoas falam: 'nós estamos numa democracia'. Esse é o meu pensamento, sinto muito. Tem umas pessoas que concordam e umas que não concordam. Tem que respeitar a opinião de cada um e eu respeito".
A declaração de Paulo Barros o colocou em rota de colisão com a maioria das escolas do Grupo Especial. Das 12 agremiações que vão desfilar este ano, nove vão abordar temas relacionados à cultura e religiões de matriz africana. Apenas a Vila Isabel, a Mocidade e a Portela optaram por enredos fora desse contexto. A própria Vila Isabel, sob o comando de Barros, levará para a Sapucaí o enredo "Quanto mais eu Rezo, mais Assombração aparece", inspirado em um passeio de Trem Fantasma e no folclore brasileiro.
"Tem gente que fala que desfile de escola de samba obrigatoriamente tem que ter uma temática africana porque o samba veio da África. Qualquer imbecil sabe disso. Que a raiz do samba, da escola de samba, ela tem essa raiz e esse fundamento, essas temáticas africanas. O carnaval, ao longo de décadas, ele passou a assimilar todos os tipos de enredo e todos os tipos de tema", argumentou.
"Eu lembro muito bem que eu já passei por uma época onde só se falava de política, por épocas onde falava de cidades, onde tínhamos enredos imaginários, como o Ziriguidum 2001, Tupinicópolis, viagens e enredos que são imaginados pelo carnavalesco e que não tem nada a ver com a cultura africana. Até porque o carnaval nos dá essa liberdade", explicou.
Mesmo com a polêmica, Paulo Barros reforçou que respeita todas as religiões e negou que tenha feito qualquer crítica específica aos enredos afro-brasileiros. "Tenho o maior respeito por todas as religiões. Inclusive, o meu babalorixá, que me assiste, é uma pessoa maravilhosa. Eu tenho a minha mãe de santo e vou. Eu vou a igreja. Eu vou a templos. E respeito todas as religiões".
Para encerrar, o carnavalesco criticou a reação do público e afirmou que suas palavras foram distorcidas. "Eu não fiz crítica a ninguém. Só disse a minha posição. Tá todo mundo nesse blablabla e na hora do vamos ver, na hora da verdade, começam a falar um monte de m*rda", concluiu.