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Enredo do Império Serrano homenageará escritora Conceição Evaristo

'Ponciá Evaristo, Flor do Mulungu' será desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves

Rio - O Império Serrano divulgou neste sábado (21) o enredo para 2026. Com o título “Ponciá Evaristo, Flor do Mulungu”, criado pelo carnavalesco Renato Esteves, a escola vai homenagear a escritora Conceição Evaristo, referência da literatura negra brasileira. Inspirado nas “escrevivências” da autora, termo criado por ela para descrever a escrita que nasce da experiência das mulheres negras, o tema marca a busca da escola de Madureira pela vitória na Série Ouro e o retorno ao Grupo Especial.
Segundo Esteves, a proposta do Império é construir um conto poético que mistura ficção, personagens de destaque de Conceição e elementos biográficos, destacando a força da escrita da autora na denúncia das desigualdades sociais, do racismo e da violência contra as mulheres.

"Fazer um enredo sobre Conceição Evaristo já era um desejo antigo. Suas escrevivências emocionam e tocam quem as lê. Levar as mulheres de Conceição para a Sapucaí através do Império Serrano é fazer com que a comunidade se reconheça. Conceição disse algo muito forte: “Leiam os meus livros, não a minha biografia”. Ela vê sua trajetória como espelho de tantas outras mulheres negras brasileiras que enfrentam diariamente as violências de um país desigual", afirmou o carnavalesco.

Para Conceição Evaristo, a homenagem simboliza que a sua literatura nasce do povo e retorna a ele, reforçando o papel social e afetivo. Ela também afirma com firmeza que a literatura deve ser reconhecida como um direito de todos, destacando as escolas de samba como ambientes educacionais.

"Eu considero uma grande honra receber uma homenagem que parte do Império Serrano, uma escola de raiz, e que se dá por meio da minha produção literária. É um momento significativo, pois é como se a minha inspiração, as mulheres das classes populares e o povo, retornasse ao lugar de onde veio. É também uma oportunidade de afirmar que a literatura deve ser entendida como um direito do cidadão e de reconhecer a escola de samba como um espaço legítimo de educação e aprendizado", destacou a escritora.

Com uma trajetória marcada pelo reconhecimento tardio, Conceição recebeu em 2015 o Prêmio Jabuti por sua coletânea “Olhos d’água”. Em 2024, foi eleita imortal da Academia Mineira de Letras. Em 2018, disputou uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não foi eleita.
O tema resgata uma tradição da escola de homenagear grandes nomes da literatura brasileira. Em 1989, o Império cantou Jorge Amado. Em 2002, o desfile exaltou Ariano Suassuna, enquanto em 2017 a obra do poeta Manoel de Barros foi reverenciada.

O Império será a quarta a desfilar no sábado de Carnaval, dia 14 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí.

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