Rio - A Portela definiu, na manhã deste sábado (27), o samba que levará para a Marquês de Sapucaí em 2026. A obra composta pela parceria de Valtinho Botafogo, Raphael Gravino, Gabriel Simões, Braga, Cacau Oliveira, Miguel Cunha e Dona Madalena foi a vencedora da disputa e irá embalar o desfile do enredo "O Mistério do Príncipe do Bará — A oração do negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande".
A final da disputa dos sambas reuniu centenas de pessoas na quadra da escola, em Oswaldo Cruz, na noite desta sexta-feira (26). A festa iniciou com um show dos segmentos da agremiação, com clássicos da discografia da Majestade do Samba. Em seguida, as quatro parcerias finalistas tiveram 30 minutos de apresentação cada uma. O anúncio do vencedor foi feito já nas primeiras horas deste sábado.
O concurso para decidir o hino oficial da Azul e Branca de Oswaldo Cruz e Madureira contou com 36 obras. Ao todo, foram quatro etapas, incluindo uma chave de disputa na região Sul do país, até que quatro sambas chegassem na decisão final.
Em 2026, a Portela será a terceira escola a cruzar o Sambódromo no domingo de Carnaval, em 15 de fevereiro. A agremiação fará uma homenagem ao Príncipe Custódio, figura histórica e espiritual de origem africana que marcou a cultura afro gaúcha no século XIX. O desfile terá assinatura do carnavalesco André Rodrigues.
Confira a letra do samba vencedor
Ê Bará, ê Bará… ôô! Quem rege a sua coroa, Bará? É o rei de Sapaktá Aláfia do destino no Ifá! É mistério que incandeia Pro batuque incorporar É mistério que incandeia Pra Portela incorporar Vai, negrinho… vai fazer libertação Resgatar a tradição Onde a África assenta Ô, corre gira, vem revelar O reino de Ajudá O pampa é terra negra em sua essência Alupo, meu senhor, Alupô! Vai ter Xirê no toque do tambor Alumia o cruzeiro… chave de encruzilhada É macumba de custódio no romper da Madrugada Curandeiro, feiticeiro Batuqueiro precursor Pôs a nata no Gongá (ô, iaiá!) Fundamento em seu terreiro Resiste a fé no orixá Da crença no rosário Ao rito do mercado Ainda segue vivo o seu legado Portela… tu és o próprio trono de Zumbi Do samba, a majestade em cada Ori Yalorixá de todo axé Enquanto houver um pastoreio A chama não apagará Não há demanda que o povo preto não possa Enfrentar! Ae oni Bará! Ae Babá Lodê! A Portela reunida carregada no dendê Sob o céu do Rio Grande Tem reza pra abençoar O príncipe herdeiro da coroa de Bará!
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