Por karilayn.areias
Camila Morgado%3A 'Hoje em dia você pode escolher se quer casar%2C como quer fazer isso%2C se quer ou não entrar na igrejas'Divulgação

Rio - Só após interpretar a Penélope de ‘Bem Casados’, que Camila Morgado percebeu a semelhança entre ela e a personagem do filme que estreia hoje. “Me dei conta que, assim como ela, tenho trinta e poucos anos, não sou casada, não tenho filhos e sou independente”, compara a atriz, que, assim como na ficção, sente que mulheres dessa idade sofrem pressão da sociedade para se casar e ser mãe.

“A Penélope lembra muito dessa imposição: que uma mulher nessa faixa de idade já tem que estar casada e com filho”, diz Camilla. Não que ela sonhe com isso na trama dirigida por Aluízio Abranches. A personagem é justamente quem tenta impedir o o enlace matrimonial do amante com uma mulher que parece se encaixar como uma luva aos moldes sociais de esposa perfeita. Para isso, ela convence Heitor (Alexandre Borges), fotógrafo contratado para a cerimônia, a facilitar a sua entrada no evento e acaba virando de cabeça para baixo a vida dele.

“Vejo no filme diferentes abordagens sobre os tipos femininos. Tem quem representa um amor mais fantasioso e romântico, a mulher independente que só quer um reprodutor para ter um filho, a que quer se apaixonar...”, vai listando a atriz. “Hoje em dia você pode escolher se quer casar, como quer fazer isso, se quer ou não entrar na igreja. Essa liberdade é uma conquista nossa”, comemora ela, ao comparar a mulher de hoje com a de algumas gerações atrás.

“Imagina que as mulheres não podiam votar, sentir prazer, e em algumas sociedades ainda não podem. Já estamos acostumadas com esse preconceito. É horrível”, desabafa Camila, que já passou e viu muitas conhecidas em situações abusivas. “Achei esse movimento do #meuprimeiroassedio maravilhoso. Porque toda mulher já passou por algum assédio, principalmente no trabalho. Os homens ainda nos olham, mulheres, como um corpo e não como um ser que pode trabalhar e pensar tão bem quanto eles. Já vi muitas entrarem para uma reunião e receberem uma cantada. Você se sente uma peça de carne exposta”.
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Aliás, foi só depois que soube dos relatos gerados pelo movimento, que Camila teve coragem de falar sobre os primeiros assédios que sofreu com as próprias amigas. “Eu tinha vergonha de contar, mas depois que li algumas histórias, vi que não era só eu e resolvi falar”, completa ela, que diz ter se sentido culpada e com raiva do próprio corpo após sofrer um assédio, quando era adolescente.
Camilla Morgado como a personagem Penélope%2C em cenas de ‘Bem Casados’%2C comédia em que contracena com Alexandre Borges e Letícia LimaDivulgação

“Uma vez, em um ponto de ônibus, em Petrópolis (sua cidade natal), o cara botou o membro para fora e ficou mexendo. Estava sozinha, fiquei em pânico e fui embora”, lembra-se. “A gente se coloca como culpada nessas horas. Mas não fizemos nada. Mas a sociedade oprime tanto, que a gente pensa isso, não tem diálogo. Em Petrópolis também, estava indo em uma loja e um cara me empurrou na parede e passou a mão no meu peito, que estava começando a crescer na época. Fui para casa chorando, péssima pelo meu peito estar crescendo. Mas o cara que era um louco”.

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