Jade Seba  - Reprodução
Jade Seba Reprodução
Por O Dia
Rio - A nova trama das 21h, “A Dona do Pedaço”, trouxe para a telinha um tema cada vez mais em alta: as digital influencers. Na ficção, a personagem de Agatha Moreira (Josiane/Jô Sobral) sonha em se tornar uma famosa influenciadora e se inspira na personagem de Paolla Oliveira (Vivi Guedes), já reconhecida pelo seu trabalho.

Na vida real, muitas meninas também propagam o mesmo sonho de Josiane. Há quem diga que, hoje em dia, elas não querem mais ser bailarinas, modelos ou atrizes, e sim, bombar o Instagram e se tornarem influenciadoras. Mas como se inicia esse processo?

As digitais influencer’s Jade Seba e Mariana de Moraes Sales Vieira tiram todas as dúvidas pertinentes sobre o assunto.


É possível ser influencer gastando pouco?

Jade: Acho que a questão financeira não impacta muito na influência que a pessoa tem sobre os seguidoras dela. A gente vê muito youtuber que começou do zero, começou gravando super informal e hoje em dia consegue impactar milhões e milhões de pessoas. A credibilidade é o que mais conta nessa profissão, porque quando você tem credibilidade com seu público, eles consequentemente irão seguir referências do que você posta, dicas etc. Então dá sim para ser influenciador gastando pouco.


Mariana: É completamente possível! Porque influencer não tem a ver com riqueza e sim com a forma que você consegue inspirar as pessoas. Você pode ser uma influencer ensinando pessoas a fazer miojo de várias formas diferentes, cair nas graças de muitos seguidores e virar uma referência. Como temos referências nacionais com poder aquisitivo acima da média, aspiramos muitas coisas que elas postam. Publicações com coisas que nos fazem sonhar e acaba sendo atrativo.

Tem que realmente renovar o guarda roupa?

Jade: Eu não acho que tenha que renovar o guarda roupa, até porque quando se é verdadeiro, as pessoas notam isso logo de cara. Então não adianta querer renovar um guarda roupa com roupas que não tem nada a ver com seu estilo só para forçar a barra em relação a influenciar a vida das pessoas. Isso é muito individual. Eu, por exemplo, comecei montando looks com peças do meu guarda roupa mesmo. Hoje em dia, tenho muitos clientes, então acabo escolhendo roupas por conta de publiposts, mas dentro desse contexto tem sempre as minhas escolhas. Só trabalho com marcas que realmente visto porque bato muito na tecla da credibilidade.


Mariana: Essa cena do guarda roupa foi bizarra. Porque eu não entendo como uma pessoa precisa trocar o guarda roupa para ser uma influenciadora, já que ela vai influenciar os outros justamente pelo estilo que ela tem. Na internet, você vai criar o seu público por quem você é! Pela imagem que você constrói, pela forma que você pensa e se veste. Então, o que vai fazer você ter seguidores é ter uma imagem própria.

Como lidar com investimento, permuta e publicidade?

Jade: Como trabalho com moda, acabo investindo bastante em peças que eu sei que não ganho e que também não são meus clientes. Como por exemplo bolsas. Bolsa é algo que eu gosto de investir bastante, até para valorizar alguns looks, unindo o caro ao mais acessível. Outro investimento está em viagens que dá para produzir bastante conteúdo, além de profissionais como editor de vídeo. Não trabalho com permuta nas minhas redes sociais. Todos os meus clientes realizam algum tipo de monetização. A permuta entra mais na questão de serviços, como cabeleireiro e estética, aí sim a gente acaba trocando em serviço. Mas nesse caso entra uma publicidade de lifestyle nos stories, não é uma coisa tão pautada e cheia de briefing (informações para um projeto ou trabalho).


Mariana: A permuta é um grande tabu dentro do mercado de influenciadores, bem como a questão dos recebidos, que são as formas de mimos que a influencer recebe de uma marca e a mesma posta em suas redes, fazendo uma permuta indireta. Eu não trabalho com permuta, só com ‘publipost’, pois não vejo sentido trocar o seu serviço por produto. Ninguém chega no dentista e diz “toma aqui cinco blusinhas para pagar minha conta”. Os investimentos que tenho são com assessoria de imprensa e impulsionamento de post’s ou ainda com viagens para geração de conteúdo, além de uma assessora comercial, já que não tenho tempo para analisar e responder todos os e-mails que recebo.


Qual o limite da exposição da imagem nas redes?

Jade: Cada um tem seu limite, cada um sabe o que seu público gosta. Hoje em dia vemos algumas pessoas expondo até mesmo a intimidade. Estou há um tempinho no mercado, então as pessoas me conheceram muito bem e exponho bem minha vida pessoal, como por exemplo todo meu processo recente de gravidez e agora com o bebê. Eu tento fazer com que as pessoas realmente participem da minha vida, mas é claro que a gente tem que saber até onde podemos postar ou não, pois toda ação tem uma reação, e dependendo do que você postar, o retorno pode ser positivo ou negativo.


Mariana: Hoje a vida do influenciador está muito ligado ao seu lifestyle, o que acontece em sua rotina. Então, sim, caminha junto com a vida pessoal. É muito difícil separar. Eu procuro não expor tanto as relações pessoais.. namorado, família. Por uma escolha nossa. Já sofri uma questão relacionado a sequestros relâmpago e hoje sou mais cuidadosa. Mas, querem saber uma curiosidade sobre isso no universo dos publiposts? Determinada empresa do segmento de bebês já me procurou perguntando se eu tinha intenção de engravidar nos próximos doze meses. Ou seja, o auge da exposição né?! 

Qual o bônus e ônus de ser influencer?

Jade: A parte boa é poder ter o carinho das pessoas que acompanham a gente, sem hipocrisia, tem toda a parte glamourosa da coisa, como chegar num restaurante com convite do chef e ter todo um menu personalizado ou chegar em um hotel e ter tudo direcionado à você, além de abrir cartinhas e caixas de recebidos. O ônus é a questão de ter sua vida totalmente exposta e a cobrança das pessoas, pois às vezes tem uma coisa que você não quer expor naquele momento. E uma coisa que me incomoda é que as pessoas acham que nossa vida é só o que a gente posta e te julgam por várias coisas. Exemplo: “você não é mais amiga de fulana, porque ela não aparece mais nos seus stories...”, mas no dia a dia eu falo com essa amiga todos os dias.


Mariana: O carinho de pessoas que criamos vínculos online, seguidores que viram amigos, e claro, recebemos convites para eventos restritos e existe um grande cuidado quando estamos em determinados lugares para que tenhamos um ótimo atendimento. Muitas empresas em busca de mídia espontânea acabam se comportando de maneira ainda mais cordial com influenciadores.. E o ônus, com certeza, é ter a vida muito exposta, pois o alcance das suas publicações na internet é ilimitado. Uma palavra fora do contexto e o julgamento é imediato. 
Qual a sua opinião sobre a maneira com que a novela “A Dona do Pedaço” está abordando o tema?

Jade: Eles estão abordando de forma muito glamourosa e com cenas meio fora de contexto, como por exemplo a personagem da Paolla Oliveira tirando foto com um cachorro que nem era dela para ganhar like e engajamento. Nesse sentido, eu me sinto até meio fake. É lógico que em alguns momentos produzimos conteúdos com coisas que não fazem parte do nosso dia a dia, mas é também porque as pessoas gostam deste tipo de conteúdo. O segredo é você ter um termômetro e saber postar um pouco de cada. Pois transparecer uma vida perfeita não convence as pessoas. Por isso gosto dos stories, pois nos permite mostrar o que somos de verdade.


Mariana: Vejo de dois ângulos diferentes: primeiro acho muito bacana, pois é uma forma de entenderem como funciona a profissão e se tornar um ofício. Muita gente tem preconceito, como ocorre com tudo que é novo. Todas as novas profissões relacionadas à internet ainda irão demorar um tempo para gerar credibilidade. Então, por esse lado acho positivo. Já o lado negativo, foram algumas cenas bem irreais, como se a personagem da Paolla Oliveira fosse uma mulher fútil, focada apenas em si, muito superficial na hora das fotos e das falas e trejeitos em eventos. Meu maior receio é estigmatizar e deixar um estereótipo sobre as influencer’s. E será muito complicado tirar essa imagem construída no horário nobre. 

Que dica você dá pra quem quer obter uma carreira de sucesso como digital influencer?

Jade: É a dica mais clichê de todas: a credibilidade. Se você não tem credibilidade com os seus seguidores, dificilmente conseguirá influenciá-los. O simples conquista muito as pessoas. Dar dicas, mostrar seu dia a dia, desde as coisas mais banais como ir ao shopping e mostrar as lojas que você gosta ou até mesmo no supermercado e indicar alguns itens. As pessoas costumam colocar essa profissão no glamour e é o dia a dia que conquista realmente os seguidores.


Mariana: Gere valor e depois faça negócios. Se preocupe em criar um conteúdo relevante, em ter um ‘feed’ atrativo, que agregue e ofereça informação para seu seguidor. A Influência é um adjetivo e deve ocorrer de forma orgânica e natural. Não existe uma fórmula do sucesso, apenas faça as coisas com amor, propósito e autenticidade.