Caderno D - Ensaio com a atriz Juliana Caldas, a Estela de ’O Outro Lado do Paraíso’. Rj, 25 de abril.Marcio Mercante / Agencia O Dia
Juliana Caldas critica abordagem de pessoas com deficiência em novo filme de Leandro Hassum
Em 'Amor sem Medidas', ator interpreta um médico com baixa estatura
Rio - Juliana Caldas se pronunciou nesta quarta-feira (1°) sobre o filme 'Amor sem Medidas', protagonizado por Juliana Paes e Leandro Hassum. Em vídeo publicado no Instagram, a atriz questionou a forma que o filme retrata as pessoas com deficiência. No longa, Hassum interpreta um cardiologista de baixa estatura que vive um relacionamento com a personagem de Juliana Paes.
"Oi, gente! Boa noite! Tudo bom? Estou aqui gravando esse vídeo para falar sobre um filme. Na verdade, para dar a minha opinião sobre um filme que está na Netflix, um filme brasileiro que aborda o tema nanismo. Nossa, bacana! Só que não... Bom, enfim, o filme é do Leandro Hassum, chama 'Amor sem Medida' e... Bom, vamos lá. Se a gente parar para pensar... A gente fala tanto hoje em dia da representatividade, da importância da representatividade no mundo, na diversidade, etc. Só que vou dar a minha opinião, estou aqui dando minha opinião tanto como pessoa Juliana e como artista Juliana", iniciou.
A atriz, que tem nanismo, disse que não se sentiu representada pelo filme. "Primeiro porque a pessoa que faz o personagem que tem nanismo... o ator não tem nanismo, que é o próprio Leandro Hassum. Eles fizeram computação gráfica, diminuíram o Hassum em computação gráfica, essas coisas, para mostrar que ele tem baixa estatura. E, depois disso, a maior parte do filme tem piadas totalmente capacitistas, totalmente preconceituosas e que, cara... Não dá para aceitar hoje em dia. Se fossem piadas racistas, homofóbicas, gordofóbicas, eu acredito que talvez esse assunto estaria sendo levado mais a sério", continuou.
"Porque o filme é de humor... Quando a gente fala sobre o nanismo, a maior parte das vezes é nessa forma de piada e totalmente capacitista e preconceituosa. E não dá assim. Não dá mais para aceitar hoje mais um filme que faz você sentar e rir disso, rir dos outros, rir da condição do outro, sabe? No caso, né, da deficiência do nanismo. O nanismo é considerado uma deficiência. Aí você rir disso hoje em dia não dá mais para aceitar. Eu não consigo, queria entender, realmente, se as pessoas sabem o que significa empatia. Porque eu, às vezes, vejo cada vez mais, que as pessoas não sabem. Na verdade, sabem o que é o significado, ok. Se colocar no lugar do outro, ok. Porém, não exercem a empatia."
Juliana Caldas revelou ainda que não conseguiu assistir o longa até o fim. "Porque não dá, sabe? Aí você questiona, pode questionar, pode se perguntar aí, né? Você que está vendo... 'Mas você também fez um trabalho que seu personagem ouvia barbaridades, abordagens, falta de acessibilidade, sim' [a personagem Estela de O Outro Lado do Paraíso]. Mas, na minha opinião, não se dava margem e abertura para você rir disso. Pelo contrário. Se dava abertura de você questionar, sim, sobre muitas coisas e para pensar o quanto isso fere o próximo. Você é chamado de monstrengo, você comparando ou infantilizando a pessoa com nanismo...", finalizou.
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