Ana Lúcia Torrre e Cássia KisVictor Pollak e Ellen Soares / TV Globo

Rio - Ana Lucia Torre, de 77 anos, revelou como faz para não se abalar com as falas polêmicas de Cassia Kis, de 64, com quem contracena em "Travessia", da TV Globo. A atriz deixou claro que não concorda com os comentários homofóbicos, o apoio da artista em manifestações anti-democráricas e explicou que tenta separar o lado pessoal do profissional para não criar nenhum climão no ambiente de trabalho.
"Não é agradável para mim. Não vou dizer em nome dos outros do elenco, mas essas falas homofóbicas, as manifestações, não fazem o meu gênero", afirmou Ana Lucia Torres, em entrevista ao colunista Lucas Pasin, do "Splash". "Sou uma pessoa de extrema fé. Acredito em Deus profundamente. Mas o meu Deus é agregador. Ele não é preconceituoso. Por exemplo: como não vou gostar de uma pessoa negra apenas porque sou branca? É meu irmão em Cristo. Existem atitudes por aí que não gosto", continuou. 
A atriz, que dá vida a Tia Cotinha no folhetim de Gloria Perez, ainda destacou que evita se desentender com Cassia. "Eu trabalho com ela, né? Então quando estamos juntas ela é a Cidália [personagem]. Foi a solução que encontrei para mim para não ficar um clima nesse ambiente", frisou. Além de "Travessia", Ana Lucia e Cassia Kis já contracenaram juntas em "Amor Eterno Amor" (2012).
No último domingo, Cassia Kis participou novamente de uma manifestação bolsonarista. Ela esteve na frente do Comando Militar do Leste, no Centro do Rio, e segurando uma imagem de Nossa Senhora envolta na bandeira do Brasil, em meio aos manifestantes. Usando uma camiseta com os dizeres "Aborto, não", a atriz levantou a estátua junto a terços enquanto os protestantes rezavam ao redor. Cássia já havia participado de protestos que combatem os resultados democráticos e legítimos da última eleição presidencial, e mesmo após ser criticada por colegas das telinhas, a artista se fez presente novamente no ato. 
A polêmica envolvendo Cassia começou após a veterana da TV dar declarações homofóbicas em uma live com a jornalista Leda Nagle. "Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando", afirmou. "O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana? Porque onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer? Se você tem um casal gay é uma coisa, quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais? Se você tem um casal gay é uma coisa quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais [o desejo]?", perguntou ela.