Laila Zaid critica ausência feminina e machismo no Egito após COP 27Reprodução/Instagram

Rio - Laila Zaid esteve no Egito para participar da COP 27, conferência internacional da ONU sobre as mudanças climáticas, que ocorreu entre 6 e 18 de novembro, e fez questão de compartilhar um relato sobre sua experiência no país. A atriz e ativista ambiental, de 38 anos, publicou um vídeo no Instagram nesta sexta-feira (25), falando sobre a ausência de mulheres na sociedade egípcia e o machismo escancarado que presenciou durante a viagem.
"Eu não podia falar isso antes, porque era muito perigoso, mas agora estou de volta e vou dizer: 'O Egito é muito maravilhoso embaixo d'água'. Não conheci o Egito todo, conheci Sharm El Sheikh. Eu sei que é difícil falar, julgar uma outra cultura, principalmente num país que vive uma ditadura há muito tempo. Mas que horror viver num país sem presença feminina", começou.
A atriz revelou que as poucas mulheres que viu trabalhando ficavam dentro dos banheiros femininos. "E, mesmo assim, uma delas um dia apareceu com um olho roxo. Você não vê mulheres atendendo em restaurantes, você não vê mulheres vendendo em lojas... Nem desempenhando aquelas funções que a gente já atribui às mulheres em países que têm desigualdade de gênero, como na limpeza, na cozinha, não tem mulher. Muito menos em cargos mais altos, obviamente. Resultado: homens batendo cabeça, agressivos, atendimento ruim, comida ruim, lugares sujos, desorganizados, e nós com medo, morrendo de medo o tempo todo", explicou ela.
Assim que chegou ao Egito, Laila conta que logo se sentiu apavorada. "Eu senti medo no primeiro táxi que eu peguei do aeroporto para o hotel, porque o motorista parou no meio da avenida, saiu do carro, pegou uma bebida alcoólica na mala, voltou e continuou dirigindo e bebendo como se nada... [Senti] medo no hotel, porque foram vários relatos de funcionários invadindo o quarto de turistas mulheres. Medo nos passeios, porque conhecidas minhas falaram que foram molestadas durante os passeios turísticos, nos lugares de mergulho. Esse medo todo já virou estatística. 1/3 das mulheres do Egito são vítimas de assédio sexual diariamente. A COP foi uma experiência incrível, o mergulho é indescritível, as pirâmides emocionam, mas o gosto amargo de uma sociedade tão machista não sai da boca", lamentou.