Luciana PicorelliReprodução/Divulgação

Rio - Seis anos após descobrir o diagnóstico de adenoma hipofisário, tumor benigno que se forma na glândula hipófise, Luciana Picorelli falou pela primeira vez sobre a doença, em entrevista exclusiva. “Até hoje não precisei operar, graças à Deus! Mas faço tratamento e tomo uma injeção todos os meses. Isso mexeu muito comigo. Mexeu com a minha estrutura completamente. Nunca mais tive o corpo que eu tinha antes”, contou a apresentadora, que ficou conhecida por sua passagem pelo Balanço Geral Rio, da Record TV, como repórter do Wagner Montes.
“Descobri o adenoma hipofisário durante a minha gravidez, quando meus hormônios começaram a aumentar muito. Cheguei a passar por muito médicos, que na época não conseguiram identificar o meu caso, porque segundo eles, não tinham visto algo parecido ainda. Então eu fazia exames atrás de exames e não era identificado exatamente o que tinha. Cheguei a ir num cardiologista, que me afirmou que isso poderia ser por conta da gravidez, então pediu para que esperasse três meses para ver se passava. Mas não passou”, relembrou Luciana, que continuou detalhando o problema.
“Comecei a ter ataques cardíacos e tomar remédios para tireoide, que também não adiantou. Até encontrar uma especialista, finalmente, que descobriu o meu problema através de ressonância e outros exames de sangue. Mas todo processo até acertar o diagnóstico e o tratamento foi bem doído pra mim. Porque se os médicos não sabiam o que eu tinha, imagine como estava ficando a minha cabeça, com um filho pequeno? Para se ter uma ideia, cheguei a fazer até promessa de que se não desse nada, já que a médica estava desconfiada deste tumor, eu cortaria meu cabelo. Na primeira ressonância, não acusou, então cortei o cabelo. Mas foi erro médico. Depois de repetir os exames foi constado que de fato o adenoma hipofisário estava lá. E isso mexeu até com a minha fé, na época”.
Neste período, Picorelli contou que também sofreu com a ansiedade e a síndrome do pânico. “Não sabia lidar com isso. Estou fazendo um tratamento há quatro anos, com uma injeção chamada Sandostatin LAR, que mantém os meus hormônios todos regulados. E posso dizer que mudei a minha vida. Cheguei a pesar 94kg. Hoje eu peso 66Kg. Depois que descobri a doença, passei a me cuidar mais e tratamento me ajudou a ter qualidade de vida. Voltei a treinar, comecei a me alimentar melhor, eu era viciada em refrigerante, principalmente coca-cola zero. E mudei todos os meus hábitos”, concluiu a comunicadora, revelando que além dos cuidados médicos também faz tratamento espiritual para a doença.
O que é adenoma de hipófise? Quais as principais Causas e Tratamentos?
Procurado por nossa redação, o médico pós graduado em nutrologia com foco em emagrecimento, Dr. Moizes Batista, explicou que adenoma de hipófise é um tumor benigno que se forma na glândula hipófise, uma estrutura pequena (tamanho de uma ervilha) localizada na base do cérebro, bem no centro da cabeça, numa região chamada sela túrcica. “Apesar de ser benigno — ou seja, NÃO É UM CÂNCER — esse tipo de tumor pode trazer impactos importantes, porque a hipófise é um verdadeiro ‘centro de comando hormonal’ do nosso corpo. Regula hormônios que controlam o crescimento, a tireoide, as glândulas adrenais, os ovários e testículos, entre outros”, explicou. 
Segundo Dr. Moizes, os sintomas variam bastante. “Alguns adenomas crescem devagar e podem ser assintomáticos. Outros produzem hormônios em excesso e causam sinais como: alterações menstruais ou infertilidade nas mulheres, disfunção erétil nos homens, crescimento exagerado de mãos, pés e mandíbula (acromegalia), produção de leite fora do período da amamentação (galactorreia), dores de cabeça persistentes e alterações visuais, especialmente perda da visão lateral”.
O diagnóstico, ainda de acordo com o especialista, é feito com exames de imagem, principalmente a ressonância magnética, e exames de sangue para avaliar os níveis hormonais.
“Na maioria dos casos, não se conhece uma causa exata. Pode ter um componente genético ou ser totalmente esporádico. É importante lembrar que não está relacionado com estilo de vida, mas sim com alterações celulares específicas na hipófise. E depende do tipo e do tamanho do tumor, alguns adenomas são controlados apenas com medicamentos, especialmente os que produzem prolactina. Já outros requerem cirurgia para remoção, geralmente feita por via endo nasal (pelo nariz). Em certos casos, pode ser necessário associar radioterapia ou tratamento hormonal de reposição”.
Dr. Moizes Batista ressalta que o mais importante é o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, que envolva endocrinologista, neurocirurgião e outros profissionais da saúde. “Com tratamento adequado, a maioria dos pacientes leva uma vida normal e saudável. Uma pergunta muito comum… Todos que possuem adenoma de hipófise terá problema? A maioria dos adenomas de hipófise são encontradas por acaso, sem nenhum sintoma perceptível. Para se ter uma ideia entre 10 e 30% da população apresenta tal condição de forma totalmente assintomática que são desconcertar por acaso”, conclui o especialista.