Bruna MascarenhasGustavo Barros Uehara / Divulgação

Rio - Natural de Niterói, no Rio, Bruna Mascarenhas ganhou notoriedade do público ao interpretar Rita, na série "Sintonia", disponível na Netflix. Aos 30 anos, a atriz, que atualmente mora em São Paulo, se despede da personagem após cinco temporadas e celebra o sucesso da produção, reconhecida dentro e fora do Brasil, chegando ao Top Global da plataforma de streaming. 
Ao longo da trama, criada por KondZilla, Rita viveu altos e baixos. Amiga de Doni (Jottapê) e Nando (Christian Malheiros), a jovem da periferia vendeu produtos roubados no metrô, encontrou apoio na fé, se aventurou na política e, por fim, se tornou advogada. 
Bruna comenta que tem pontos em comum com a personagem. "A Rita é muito ponta firme com os amigos, com as pessoas que ela ama. Tem garra, vontade de crescer na vida, de se desafiar. E é impulsiva, né? (risos) Um traço bem em comum nosso. A gente tem uma vontade de resolver, de botar a mão na massa e fazer acontecer", frisa. 
Os desafios para dar vida à jovem foram inúmeros devido às nuances dela. "Primeira temporada teve o sotaque, o pouco tempo para pegar tudo, a minha entrada no audiovisual; na segunda teve meu estudo sobre a igreja evangélica, com direito a devocional e leitura de Bíblia, acho que a cada temporada foi se somando um novo desafio. Fora o desafio comigo mesma, para melhorar a cada temporada. Ela teve muitos arcos diferentes, é bonito ver ela encontrando seu caminho".
Mascarenhas também teve a consultoria de uma psicóloga para retratar as crises de ansiedade da protagonista, nesta última temporada."Ela esteve com a gente em alguns ensaios onde pontuávamos todas as cenas de ansiedade, cada uma tinha um grau diferente de intensidade. Fomos entendendo a linha tênue entre uma crise de ansiedade e uma de pânico. Eu fico muito feliz que no final a personagem tenha entrado para a terapia. A gente poder falar disso, desse lugar de ajuda, acho que traz uma reflexão para a galera". 
Com realizações profissionais e uma trajetória de autoconhecimento, o final de Rita agradou Bruna. "É bonito ver o amadurecimento de um personagem. A Ritinha sacrificou algumas coisas importantes para ela em prol do outro. E que legal que ela é parceira, e pode ser, mas ela também precisava se enxergar primeiro. Acho que esse é um dos grandes ensinamentos dela nesse final da temporada. Ela entra para terapia, começa a cuidar da sua saúde mental, olhar para sua própria história. É clichê, mas é verdade, a gente precisa olhar para o nosso passado, para nossa caminhada, para entender o nosso presente. Então, acho bonita essas escolhas que ela fez, muito real", analisa. 
Evolução
Com o fim de "Sintonia", Mascarenhas compartilha o impacto da produção em sua vida artística. "A gente cria esse elo com nosso personagem, que é uma coisa de doido. Vou sentir saudade, sei que ela marcou minha história. Me sinto orgulhosa do nosso caminho até aqui e preparada para que novos personagens entrem na minha vida e me impactem assim como ela", diz a atriz, que amadureceu durante este trabalho. 
"Você ter a possibilidade de construir e aprofundar uma personagem por tantos anos é um presente desafiador. A série como um todo amadureceu, nessa última ela está muito mais densa, com conflitos ainda mais adultos e intrínsecos. Estou muito feliz e realizada, orgulhosa da caminhada dela, e da minha. Tenho ainda muita coisa para aprender, mas com certeza levo com muito carinho todos os ensinamentos vividos nesse projeto", acrescenta. 
Novos projetos
Agora, a artista se prepara para novos desafios. "Estou em negociação num projeto audiovisual, ainda para esse primeiro semestre. Em paralelo, vou participar de dois festivais de teatro em março, com a peça 'Um Clássico: Matou a Família' e 'Foi ao Cinema'", lista.
Brruna também está envolvida com dublagens e um projeto social voltado para adolescentes de comunidades, oferecendo aulas de TV e cinema. "A verdade é que eu quero passar por tudo que o cinema e o audiovisual podem me proporcionar. Quero personagens que me instiguem, que tragam reflexão para as pessoas, que sejam humanizados, que passem por desafios, que errem, que acertem. Quero passar por filmes, séries, novelas. Tudo que eu puder experimentar e me desafiar, estou dentro". 
Ela enfatiza, por fim, a necessidade de ampliar a representatividade no audiovisual brasileiro. "A gente ainda precisa investir muito mais no audiovisual brasileiro para que possamos conhecer ainda mais o nosso próprio país, nossa cultura, para que as pessoas possam olhar para a tela e se identificar. Eu vi de perto como 'Sintonia' impactou as pessoas, em especial quem vive na mesma realidade dos personagens. O quanto gera reflexão, o quanto as pessoas se sentem representadas e como isso é potente para a autoestima de um povo. Eu acredito que passos estão sendo dados, mas a caminhada ainda é longa."