Bárbara Reis celebra 15 anos de carreira e volta às novelas em Três GraçasGabi Andrade/ divulgação

Rio - Com 15 anos dedicados à atuação, Barbara Reis vive uma fase de virada. Depois de protagonizar "Terra e Paixão" (2023-2024), atriz integra o elenco de "Três Graças", da TV Globo, como Lena, uma mulher bem-sucedida que enfrenta o drama de não conseguir engravidar. Para realizar o maior sonho, a personagem decide negociar a compra de um bebê com Samira (Fernanda Vasconcellos). 
"Quando li sobre a Lena, me vi diante de uma mulher cheia de contradições, forte e frágil ao mesmo tempo", afirma a atriz. "Foi o Luiz Henrique Rios (diretor) quem me ligou pra falar da personagem, e fiquei muito feliz. Tenho uma admiração enorme pelo trabalho dele e pelo universo que o Aguinaldo (Silva, autor da novela) cria", revela. 
Para compor a ricaça, a atriz mergulhou nas emoções da personagem. "O tema da maternidade mexe muito comigo, porque toca em algo muito íntimo: o tempo, o corpo, as expectativas que a gente coloca sobre si mesma e as que o mundo coloca sobre a gente... Com a Lena, eu quis explorar o silêncio que existe nessas dores que nem sempre são ditas", destaca. 
Barbara também passou por uma mudança marcante no visual para dar vida à mulher de Herculano (Leandro Lima).  Ela adotou os fios curtinhos. "Foi libertador! Precisava mudar por dentro e por fora. Cortar o cabelo foi um gesto simbólico, uma forma de me olhar de um jeito novo, mais leve, mais verdadeiro", afirma. "É como se eu dissesse pra mim mesma: 'Tá tudo bem mudar. Tá tudo bem começar de novo'". 

A transformação acompanha a maturidade artística que a artista tem buscado. "A Lena me faz desconstruir muita coisa, inclusive a ideia de que a mulher forte precisa ser perfeita o tempo todo", avalia. 
Produtora de peça
No teatro, Barbara atuou como produtora executiva da peça "Limítrofe". "Esses 15  anos (de carreira) me fizeram olhar pra minha caminhada com muito carinho e com vontade de viver novas experiências dentro da arte", conta. "Produzir 'Limítrofe' foi um passo natural e ter o Raphael (Najan, seu marido) comigo nessa empreitada tornou tudo ainda mais especial", comemora. 
A ideia de produzir a peça foi motivada pela vivência dela com o marido. "O desejo nasceu das nossas conversas de casa, das inquietações que a gente compartilha sobre o mundo e sobre a arte. Trabalhar em família muda a dinâmica, claro, porque mistura o afeto com o processo criativo, mas também cria um ambiente de confiança muito bonito", acredita. 
Novos desafios no cinema e no teatro

A artista também se aventurou no cinema com a comédia "Agentes Muito Especiais", seu primeiro trabalho no gênero. "Foi uma experiência leve e surpreendente! Sempre tive vontade de experimentar o humor, mas achava que era um terreno distante... Rir de si mesma é um exercício importante, e foi bom me ver ali, mais solta, menos controlada".

Com trânsito entre teatro, TV e cinema, ela reconhece que cada linguagem desperta um lado diferente. "No teatro, me sinto viva de um jeito muito visceral. Na televisão, existe uma intensidade diferente. Já o cinema tem um tempo quase poético, mais contemplativo, que me permite mergulhar nas sutilezas", resume.

Rotina, bem-estar e cerâmica

Fora dos sets, Barbara cultiva uma rotina de bem-estar e descobriu na cerâmica uma forma de meditação. "A cerâmica entrou na minha vida num momento em que eu precisava desacelerar. No início, era só curiosidade, mas virou um refúgio... Quando eu estou com as mãos na argila, o mundo lá fora para um pouco. É um processo quase terapêutico".

Reis também busca equilíbrio entre corpo e mente. "Gosto de ir pra academia pela manhã, porque me desperta, me dá energia e organiza minha cabeça. O exercício físico virou um ponto de equilíbrio pra mim.Nos cuidados de beleza gosto do básico: uma boa hidratação, protetor solar e tempo pra mim", lista.

Representatividade e inspiração

Referência para novas gerações, a artista cita Ruth de Souza, Léa Garcia, Zezé Motta e Taís Araújo como pilares da representatividade na dramaturgia. "Essas mulheres abriram caminhos pra que hoje eu e tantas outras pudéssemos estar aqui... Quando eu penso nelas, lembro que minha presença também carrega responsabilidade. Quero continuar essa corrente, abrir espaço, contar histórias que ampliem a nossa imagem".

Com planos de produzir um filme com o marido e o desejo de interpretar uma vilã, Barbara pretende se reinventar. "O que mais me move é o desejo de continuar me reinventando, de não me acomodar”, resume. "Depois de 15 anos, continuo com a mesma fome de aprender — talvez até maior. A arte é infinita, e eu quero seguir me surpreendendo com ela".