Benjamin Stevenson é o autor de ’Todo mundo da minha família já matou alguém’Divulgação

Rio - O autor australiano Benjamin Stevenson faz uma verdadeira homenagem aos clássicos da literatura policial com o livro "Todo mundo da minha família já matou alguém", que chegou ao Brasil recentemente pela Intrínseca. Inspirado em escritores da era de ouro dos mistérios, como Agatha Christie e Ronald Knox, autor dos "10 mandamentos" da ficção policial, Benjamin criou uma narrativa envolvente, que traz o melhor do gênero de investigação. 
"Eu sempre quis ser escritor, mas meio que deixei o assunto de lado quando me tornei comediante", diz o autor, que é conhecido por seus espetáculos de "stand-up comedy" na Austrália. "O que eu mais gosto em ser um comediante é levar o público em uma jornada e depois surpreendê-lo. E percebi que essa é a mesma jornada do autor de mistério. É tentar enganar e surpreender — e então decidi combinar essas duas paixões em um romance de mistério", completa o autor sobre "Todo mundo da minha família já matou alguém", seu primeiro livro publicado no Brasil. 
A obra gira em torno dos Cunningham, uma família bem típica: uma tia maníaca por organização, um padrasto inconveniente, uma irmã sarcástica, uma matriarca cheia de vontades, um irmão controverso… Todos eles têm seus problemas. Para começar, não se dão muito bem, nem são exatamente próximos. Só que uma coisa os une: todo mundo ali já matou alguém.
Depois de três anos bem atribulados, um final de semana em um resort nas montanhas dá a essa estranha família a oportunidade de rever os parentes, bater papos constrangedores e talvez até reatar algumas relações. Até que, pra variar, um cadáver aparece. "Os Cunningham aprendem a ser uma família e o que isso significa para cada um deles no livro. Mas não é uma família norma. Definitivamente, não!", dispara, aos risos.
Mistério com humor
Apesar de ser um livro de investigação policial e mistério, Benjamin Stevenson conseguiu colocar todo seu humor na obra. O autor acredita que dá sim para misturar comédia e mistério, basta não ultrapassar os limites. 
"O segredo é que nenhum deles (mistério e comédia) pode existir às custas do outro. Você nunca pode substituir uma cena dramática por comédia, ou vice-versa. Caso contrário, você terá uma versão meio mutante, que não sabe de que gênero é", afirma. "Eu estou confiante de que meus livros estão nos dois espaços: um mistério forte que vai agradar aos leitores que não querem comédia, acompanhado por um charme despreocupado, uma leveza. Acima de tudo, quero que meus livros sejam divertidos de ler. Todo o resto são detalhes", garante. 
Uma dos "10 mandamentos da ficção policial" é jogar limpo com o leitor e Benjamin Stevenson leva essa regra a sério. Em "Todo mundo da minha família já matou alguém", o autor até revela aos leitores antecipadamente o que vai acontecer nas páginas à frente. O escritor revela como manter o interesse do leitor, mesmo com tantos "spoilers" do que vem a seguir.
"Foi um desafio que me propus e espero ter conseguido. Eu queria tentar dar logo um spoiler para brincar com as expectativas do leitor e realmente ver se eu poderia tornar o livro mais cheio de suspense. Hitchcock era mestre nisso, entendendo que a surpresa vem do inesperado, mas o suspense vem da entrega do esperado. Então foi por isso que escrevi dessa forma", afirma.
O autor também entrega em que os leitores devem prestar atenção para desvendar as pistas de um suspense. "A regra de três: se uma pista é mencionada três vezes, é crucial para a solução de um mistério. Se uma pista for mencionada mais de três vezes, provavelmente é uma pista falsa", garante. 
Questionado se prefere ser escritor ou comediante, Benjamin Stevenson diz que essa é uma escolha difícil. "Isso é como escolher um filho favorito. Mas ninguém pode importuná-lo durante a leitura de um livro, então acho que a escrita ganha pela menor vantagem", finaliza.