Capa do livro ’Marlene - A Rainha Diferente’ de Mona VilardoReprodução/Instagram
"É um projeto pioneiro no Brasil. O livro da Marlene é o segundo que eu faço isso, o primeiro foi 'Dalva, minha vó e eu', [2019]. Eu acredito que a minha inspiração começou quando eu viajei para a Argentina e vi a coleção de livros 'Antiprincesas', mas contando a história de artistas daquela região. Eu voltei para o Brasil querendo falar das nossas rainhas do rádio para as crianças, porque não existia nenhuma coleção sobre isso aqui. A gente tem o costume de só enaltecer o que vem de fora", afirma.
Mona também é atriz, cantora e manipuladora de bonecos, e menciona que faz uso de uma marionete para transmitir as memórias das artistas e se aproximar do público infantil.
"Nos projetos eu sempre incluo uma boneca de manipulação direta, e é ela quem conta a história. Eu quero manter a memórias dessas mulheres viva e mostrar como elas estavam à frente de seu tempo. A Marlene, por exemplo, lutou para ser cantora: saiu de casa muito jovem, trocou de nome pra se esconder da mãe, foi multada pela 'Rádio Nacional' do Rio de Janeiro porque usava calça e foi pra Niterói morar sozinha... Elas são mulheres que ensinam a força feminina. Se fala tanto de empoderamento hoje em dia, mas as conquistas femininas aconteceram principalmente nessa época, uma era difícil, quando ser cantora de rádio era uma vergonha pra família", explica.
Marlene, nome artístico de Victória Bonaiutti de Martino, foi uma das cantoras mais populares do país em sua época de ouro. Nascida em São Paulo, a artista teria completado 100 anos de vida em novembro do ano passado e ficou conhecida por ter gravado mais de 4 mil canções em sua carreira e por ser voz principal do lendário "Cassino Icaraí". A artista se popularizou pelo rádio e deixou hinos como "Lata D'Água", "Cão Que Ladra Não Morde", "O Noivo Vem" e "Tome Polca", como seu legado na música brasileira.
De acordo com a autora, foram justamente as canções cativantes de Marlene que tornaram o processo de escrita tão divertido.
"A minha parte favorita desses livros é juntar a música com a história. Principalmente no livro da Marlene, que tem músicas bem fortes, foi um processo difícil e bom de fazer. Eu coloquei, por exemplo, a música 'Canção do Medo' pra falar do medo das crianças, e outra, chamada ‘Que nem Jiló’ para ilustrar a saudade que ela tinha da mãe. Foi muito legal essa busca de quais músicas vão encaixar melhor, eu adoro fazer essa conexão das músicas com a escrita pra história se fundir", declara.
Quando perguntada se atingiu seus objetivos com o novo livro, a escritora revela acreditar que conseguiu alcançar o coração das crianças com sua narrativa.
"Acho que consigui sim. Já tinha experiência com o livro da Dalva, que foi até adotado por uma escola. Então acho que consigo atingir (o objetivo) porque toda criança é curiosa. É só você mostrar, apresentar o que sabe, e mostrar a música boa, a música popular brasileira", conclui.
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