Manoela Peres, prefeita de Saquarema, fala sobre seu trabalho e as políticas públicas para as mulheresDivulgação
Eu na verdade nunca tive a intenção de ser prefeita nem entrar na vida política. Eu era dentista, antes de me tornar prefeita. Essa "missão" apareceu para mim em um momento de necessidade, quando Peres não pôde dar continuidade à reeleição como prefeito, em 2016, e confiou em mim para ser sua substituta, faltando 13 dias para a eleição.
Tudo foi muito desafiador desde o princípio. Como falei antes, eu nunca tive esse objetivo de entrar para a política, não sabia como funcionava e ficava muito nervosa até para discursar em público. Hoje, eu vejo minha ocupação como uma oportunidade para cuidar dos moradores, observar detalhes que as mulheres têm mais facilidade e sensibilidade para perceber na hora de criar os programas e ações. É sempre muito gratificante receber o retorno das mulheres na cidade, quando elas me enviam mensagens dizendo que se inspiram em mim.
Tenho uma rotina muito organizada e planejada, e mantenho a disciplina para seguir tudo certinho. Eu acordo cedinho e vou para a academia, depois vou para a prefeitura, almoço em casa, depois, à noite, eu passo tempo com meus filhos e ainda estudo para o mestrado.
Tenho uma relação muito próxima e de amizade com meus filhos, com meus irmãos, familiares e amigos. É claro que por conta da alta demanda e dos compromissos, não consigo ver algumas pessoas com a frequência que eu queria, mas estamos sempre nos falando e nos mantendo presentes na vida um do outro.
Aqui no município temos muitos programas para cuidar das mulheres saquaremenses em diversas áreas da vida: segurança, saúde, educação, trabalho. Inauguramos em 2017 a Clínica da Mulher, uma unidade de saúde exclusivamente para o público feminino. Estamos agora com as obras em andamento para a nova unidade, que vai contar com mais serviços, exames, procedimentos, além uma estrutura maior que vai permitir ampliar o atendimento, e um banco de leite, que espero que seja de muita ajuda para as mamães.
Acredito que a educação é o principal fator. Muitas meninas ainda vivem em ambientes onde a violência e o abuso são naturais, porque passam de geração para geração. Por isso, as escolas devem também ser um espaço para romper com essa mentalidade e orientar os alunos a romper com o ciclo de violência.
Eu me acho um mulherão porque eu fui criada por um mulherão e estou cercada de muitas outras que também são! Hoje nós já conquistamos muitas coisas, muitos avanços, mas ainda temos muito caminho pela frente. E só vamos conseguir se apoiarmos e dermos força umas para as outras.
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