A sexóloga Cátia DamascenoDivulgação
Eu sou a pessoa mais caseira da face da Terra. Adoro ficar em casa, porque trabalho viajando muito. Quando não estou viajando, eu adoro ficar em casa com meu marido e os “filhotes”. Adoro marcar almoço com as amigas. Tenho dois grupos de amigas já de muito, muito tempo... Acho que uns dez, quinze anos que somos amigas. Então, eu sou uma pessoa muito caseira, uma mãe bem caseira também. Adoro ficar em casa “sossegadinha” com os meus.
Minha formação acadêmica é na área de fisioterapia e a minha primeira pós-graduação foi na área de saúde perinatal. Sempre gostei muito de trabalhar com gestantes, com as “gravidinhas”. Sempre fui muito curiosa a respeito de uma vida que gera outra vida. E aí, fui uma das primeiras fisioterapeutas do Brasil a trabalhar na área pélvica. Eu lembro que o meu TCC foi sobre os benefícios da fisioterapia no pós-parto. O interesse pela sexualidade foi porque eu comecei trabalhando com essa área íntima e, querendo ou não, sempre envolve a área da sexualidade, principalmente quando se pratica os exercícios da ginástica íntima. O que eu ensino é o famoso “aperta e solta”. Os benefícios não são só para a saúde, mas para a sexualidade também. Daí, as mulheres começaram a indicar para as amigas que não estavam grávidas e elas perguntavam se eu ensinava para quem não estava grávida, e eu respondia: claro!
Interessante essa pergunta. Se fosse alguma outra pauta, será que seria mais fácil criar quatro filhos? Eu acho que não. O desafio de criar quatro meninos, sendo alguém que trabalha com sexualidade, sendo arquiteta, professora, médica, jornalista ou qualquer outra profissão. A maternidade é uma dádiva, eu amo, amo ser mãe de meninos. Eu costumo brincar que só faço que aquilo que eu gosto (risos). É um desafio realmente, formar seres humanos inteligentes, respeitosos, educados, porque é o que eu prezo aqui dentro de casa, né?! Então, independente da área da sexualidade, é sempre muito interessante formar seres humanos prontos para uma sociedade. Além do assunto sexualidade, sim, ele sempre é conversado aqui dentro de casa naturalmente como qualquer outro. Os meus dois primeiros filhos, quando eu ainda estava começando na internet, já estavam na época da adolescência e os amiguinhos iam lá para casa e conversavam e eu tirava todas as dúvidas, por que eu acredito que eles não tinham essa liberdade dentro de casa. Hoje em dia qualquer pessoa tem informações que estão na internet, o grande desafio é ter a vigilância sobre o conteúdo que os nossos filhos assistem. Tanto que o meu canal tem restrições de idade. Porque entrou na adolescência a gente tem mesmo que conversar sobre o assunto. Existem pesquisas que mostram que quanto mais conteúdo os adolescentes têm a respeito do assunto sexualidade, mais tardiamente eles iniciam a sua vida sexual, por quê? Porque todos os quesitos de curiosidade já foram esclarecidos. Eu acho que os pais têm um grande desafio e deve colocar um filtro, para que as crianças, saibam quais canais podem assistir ou não. Sexualidade não é um desafio, eu acho que a maternidade é um desafio muito maior.
Na verdade eu sou uma defensora dos direitos da liberdade sexual - se é feminina, masculina, não faz diferença, independente do gênero da pessoa. A nossa liberdade sexual deve ser bem conversada, explorada, permitida. Então o tabu, ele vai existir em qualquer gênero. Sim eu atuo mais fortemente com as mulheres e, sim a sexualidade é bem diferente da sexualidade masculina. Eu acho que falta é um estudo de si mesmo. O autoconhecimento, o desenvolvimento, e o que eu digo sempre para as minhas meninas, a gente precisa parar de delegar o Orgasmo para o outro, ou para outra. Temos que parar de delegar. Porque não é o outro que tem a obrigação de saber como é a que a gente quer. Nós que somos detentoras e conhecedoras do nosso próprio prazer. No caso das mulheres, de não fingir um orgasmo para poder agradar o outro. Ter o cuidado de explorar o seu próprio corpo, explorar a sexualidade desse casal juntos. Porque mesmo que um casal esteja muito bem resolvido na cama, às vezes você muda de parceiro ou parceira, e pode ser que com esse novo relacionamento, você tenha que aprender tudo novamente.
Quero me destacar no mercado como empresária, exatamente para levar as mulheres para o empreendedorismo. Ele é uma grande forma de independência das mulheres. É uma grande forma da gente conseguir contribuir com o mundo, cada uma com a sua missão. É uma excelente maneira de criarmos os nossos filhos, excelente maneira de termos a nossa autoestima muito elevada. Então como empresária, estou ávida para mostrar essa vertente da Cátia empresária. Há mais de vinte anos estou aí. Comecei sozinha a minha empresa, eu fazia tudo: secretaria, faxineira, financeiro, estoquista, quem entregava o serviço, tudo era eu (risos) e que deu muito certo! Para um próximo passo, quero começar a falar mais com as mulheres a respeito do empreendedorismo feminino. Eu quero falar sobre esse universo pelo qual eu sou encantada.
Eu não me acho, eu tenho certeza absoluta de que eu sou um mulherão! Quando eu olho no espelho todo dia, olho para minha história, olho para minha vida, olho para minha jornada e quando eu acordo, dou ‘Bom dia’, para Fênix que existe dentro de mim, porque ser mulher é isso – ter a capacidade de se inventar e se reinventar das cinzas quantas vezes forem necessárias. Eu fiz isso algumas diversas vezes como mulher, pessoa, mãe, filha, esposa, como ex-esposa. Tenho a certeza dentro do meu coração de que eu sou um mulherão. E o meu recado é que toda mulher precisa ter essa certeza dentro de si, mas não se iludam, não somos mulherões todos os 365 dias do ano, não! Tem dia que a gente está mais frágil, mais sensível. Tem dia que a gente não dá conta de todas as coisas e, uma das grandes lições que eu aprendi nessa vida, é que eu não preciso ter que dar conta de tudo o tempo todo. Aprendi essa lição a ferro, fogo, suor e lágrimas. Todas as vezes que estou muito intensa em algo, eu dou aquela parada, aquela respirada e falo: calma, o mundo não vai acabar aqui sem você. Reconhecer que somos grandiosas e ao mesmo tempo, insignificantes no universo, essa lição é o que nos faz crescer todos os dias. Somos únicas, reconheça isso dentro de você e reconheça o Mulherão que você é, que possamos deixar boas memórias para os nossos filhos e para todos aqueles que passarem pelas nossa vidas, que o nosso exemplo diário seja admirado e replicado de todas as boas e melhores formas.
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