Rio - Ação conjunta do INSS do Rio com a Delegacia Previdenciária da Polícia Federal (Deleprev) resultou na prisão de três pessoas acusadas de fraudar a Previdência Social no último dia 8. Entre os detidos em flagrante estava uma mulher, de cerca de 44 anos, que tentava prorrogar o recebimento de auxílio-doença com documentação falsa na agência do instituto na Praça da Bandeira.
Os papéis seriam fornecidos por uma possível quadrilha especializada em fraudes contra a Previdência. A médica-perita que atendeu a segurada desconfiou dos laudos e dos atestados apresentados nas perícias. Na ocasião, o INSS acionou a PF que começou a investigar o caso.
Conforme O DIA apurou, a segurada presa teria recebido dois meses de benefícios, algo em torno de R$ 2 mil.
“Ao dar entrada no pedido de prorrogação do auxílio-doença, a segurada agendou a perícia que foi marcada para ser feita com a perita que desconfiou dos laudos e dos atestados apresentados inicialmente. O pedido da segurada caiu em exigência. Neste meio tempo encaminhamos o caso à Deleprev para investigação”, informou Rafael Teixeira, gerente do posto do INSS da Praça da Bandeira.
Segundo Teixeira, a desconfiança da médica-perita ocorreu pelo fato de o hospital, que fica na Zona Sul, em que a segurada disse ter feito os exames não prestar os serviços que contavam nos documentos. Além disso, após contato da Gerência Executiva Centro do INSS com a direção do hospital, foi revelado que o médico que assinava os atestados não trabalhava na unidade de atendimento.
“Questionamos o hospital e ficou constatado que toda a documentação era falsa. O papel timbrado do atestado, por exemplo, não batia com o verdadeiro. Isso chamou a atenção da médica-perita, que conhecia o hospital”, confirmou Teixeira.
Problemas cardíacos
No dia da nova perícia, em 8 de junho, a segurada compareceu à agência com mais documentos do mesmo hospital. Ela alegava ter problemas cardíacos e pleiteava a prorrogação do auxílio-doença. Mas neste dia, além da perita, agentes da PF já estavam no posto do INSS para efetuar o flagrante.
De acordo com Rafael Teixeira, ao ser abordada pelos policiais federais a segurada informou que conseguiu a documentação por meio de dois intermediários, que também foram presos no mesmo dia, só que em Nilópolis. Em nota, a PF informou que cumpriu um mandado de busca e apreensão no município da Baixada Fluminense e efetuou as prisões em flagrante.
Em busca de novos casos
O gerente-executivo da Gerência Centro do INSS, Fernando Sixel, informou ao DIA que a Polícia Federal e o instituto vão continuar trabalhando em conjunto para identificar se outros segurados se beneficiaram do esquema descoberto com a prisão das três pessoas, entre elas uma mulher que recebia auxílio-doença há dois meses.
Sixel não descarta a possibilidade de os intermediários terem oferecido a documentação falsa para outros. A própria Polícia Federal identificou padrão de atuação de possível quadrilha especializada em fraudes contra a Previdência.
“A beneficiária do esquema pagava ao intermediário entre R$ 300 a 600 para obter a documentação falsa e este repassava parte do valor ao fraudador, ficando com um percentual por cada compra”, explicou a Deleprev em nota.
“O objetivo da atuação em conjunto é verificar se há outros casos em que foram usados os atestados e laudos com a mesma origem, ou seja, do hospital e dos intermediários que foram presos”, afirmou Sixel.