Portaria que aumenta o piso nacional de professores da educação básica em 33,2% é assinada por Bolsonaro
Valor será elevado de R$ 2.886 para R$ 3.845. Segundo a Secretaria de Educação Básica (SEB), do MEC, mais de 1,7 milhão de docentes serão atendidos com o reajuste no país
Em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, também foi lançado no evento dois editais com a oferta de 168 mil vagas em cursos de graduação e pós-graduação para formação de professores
- Clauber Cleber Caetano/PR
Em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, também foi lançado no evento dois editais com a oferta de 168 mil vagas em cursos de graduação e pós-graduação para formação de professores
Clauber Cleber Caetano/PR
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, assinaram nesta sexta-feira, 4, a portaria para o reajuste de 33,23% aos professores da rede pública de educação básica. Com a mudança, o piso nacional da categoria será elevado de R$ 2.886 para R$ 3.845.
Segundo a Secretaria de Educação Básica (SEB), do Ministério da Educação (MEC), mais de 1,7 milhão de docentes serão atendidos com o reajuste em todo o país.
O piso se aplica aos profissionais com formação em magistério em Nível Médio, vinculados a instituições de ensino infantil, fundamental e médio das redes federal, estadual e municipal - que têm carga horária de trabalho de 40 horas semanais.
Em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, também foi lançado no evento dois editais com a oferta de 168 mil vagas em cursos de graduação e pós-graduação para formação de professores. O primeiro é o da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o segundo edital é do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor).
“Em 2021, o protagonismo foi dos profissionais da saúde, em 2022, o protagonismo será dos profissionais de educação. Chega de usar os professores e profissionais de educação apenas como massa de manobra político-eleitoral. Está na hora de ações diretas. E uma ação direta é essa, que respeita o profissional e dá a ele um ganho a mais nessa situação”, disse o ministro da Educação.
O reajuste está previsto em lei de 2008. Segundo o texto, o valor mínimo para os docentes da educação básica deve ser reajustado anualmente em janeiro. Segundo entendimento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e do governo federal, o reajuste é automático e deverá constar do salário referente ao mês de janeiro, a ser pago em fevereiro. Mas na prática não deve ser assim já que os municípios têm alegado dificuldades financeiras para arcar com esse reajuste.
No entanto, há divergências com o reajuste. Isso porque a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) criticou a medida afirmando que o Executivo federal coloca “em primeiro lugar uma disputa eleitoral” e joga a educação “pelo ralo”.
O presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, destacou que o critério de reajuste anual do piso do magistério foi revogado com a Lei 14.113/2020, que regulamentou o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educacao Basica e de Valorizacao dos Profissionais da Educacao (Fundeb), entendimento que, segundo ele, foi confirmado pelo próprio Ministerio da Educacao, no dia 14 de janeiro, com base em parecer jurídico da Advocacia-Geral da Uniao (AGU).
O MEC, por sua vez, informou que a definição do valor se deu após "estudo técnico e jurídico", que, segundo a pasta, "permitiu a manutenção do critério previsto na atual Lei 11.738 de 2008”.
Pelas contas da CNM, o reajuste anunciado pelo governo federal, de 33,24%, terá impacto de R$ 30,46 bilhoes nos cofres dos municípios, “colocando os entes locais em uma difícil situação fiscal e inviabilizando a gestao da educacao no Brasil”.
“Para se ter ideia do impacto, o repasse do Fundeb para este ano sera de R$ 226 milhoes. Com esse reajuste, estima-se que 90% dos recursos do fundo sejam utilizados para cobrir gastos com pessoal”, ponderou o presidente da CNM.
A entidade recomendou a correção do piso pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) medido nos 12 meses anteriores ao reajuste – a mesma métrica usada na correção do salário mínimo geral e orientou os prefeitos a não pagarem o valor determinado pelo governo federal. O INPC fechou 2021 em 10,16%.
Para o ministro da Educação, os recursos existem e o governo federal pode socorrer municípios que não consigam pagar o reajuste.
“Vejo que há na mídia, muitas vezes, discussão de alguns gestores, sobretudo municipais e estaduais, que acham que o valor é muito grande. Lembro de no final do ano ter sido procurado por alguns prefeitos e até governadores com dificuldades, devido ao montante de recursos da educação que tinham de usar, e me perguntaram, o que podemos fazer? Aí foram bônus, computadores...Os recursos existem e o governo federal, já há previsão legal, pode, de maneira justificada, socorrer eventualmente um gestor que não consiga cumprir esse montante”, afirmou.
Bolsonaro também citou a polêmica e afirmou que os recursos são do governo federal. "Havia, sim, pedidos de muitos chefes de executivo estaduais e municipais querendo [reajuste] de 7%. O dinheiro é de quem? Quem é que repassa esse dinheiro para eles? Somos nós, o governo federal. E a quem pertence a caneta Bic para assinar a portaria? Essa caneta Bic quem vai usar sou eu", declarou.
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