Lula diz que vai 'abrasileirar' o preço da gasolinaCrédito: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (17), em entrevista à rádio Progresso FM, de Cariri (CE), mandou um recado aos representantes do setor de combustíveis. Ele afirmou que, se voltar ao governo, vai "abrasileirar" o preço do combustível. Lula já tinha declarado que acabaria com a paridade internacional de preços da estatal.

"Eu sei que o mercado fica nervoso quando eu falo, mas eu quero que eles pensem o seguinte: Nós vamos abrasileirar o preço da gasolina. O preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em reais, a gente vai tirar gasolina, a gente vai aumentar a capacidade de refino", prometeu o ex-presidente.
Ele criticou a venda de refinarias no país e declarou a necessidade de se fazer mais refinarias. Segundo ele, caso concorra à presidência e vença, Lula disse que irá fazer com que as estatais voltem a trabalhar pelos interesses do Brasil.

Durante a entrevista, o ex-presidente também disse que é preciso de um alinhamento entre as necessidades dos empresários, mas também do povo. "Eu não vou pedir voto pro mercado, eu vou pedir voto pro povo brasileiro, porque o povo brasileiro é o grande mercado que eu quero ajudar nesse país. O mercado não existirá se não existir o povo com capacidade de trabalhar e de consumir", destacou.
Para o ex-presidente, o Brasil precisa de um governo que trabalhe para todos. “Eu quero que o empresário ganhe, mas quero que o trabalhador ganhe também. Eu quero que o fazendeiro viva bem, mas que o trabalhador rural, também”, explicou.

Em relação ao temor dos empresários com a sua possível chegada ao Planalto, o petista lembrou que, em 1989, o empresário Mario Amato, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), disse que, se ele fosse eleito, "uns 800 mil empresários vão deixar o Brasil". "Demorei um pouco e ganhei as eleições e nunca os empresários ganharam tanto dinheiro como ganharam no meu governo".

"O mercado vai me agradecer, porque ao invés do mercado ver alguém dormindo na sarjeta e nas ruas de Fortaleza, ao invés do mercado ver alguém dormindo na sarjeta da Avenida Paulista, ao invés da gente ver a morte daquele congolês lá no Rio de janeiro, aquele jovem que foi assassinado brutalmente em um quiosque da praia, a gente vai ver um povo feliz", disse o ex-presidente. "Essa é uma coisa que o mercado vai ter que se acostumar, porque eu não quero que o mercado venha fazer pergunta para mim o que eu vou fazer, eu quero perguntar pro mercado o que eles vão fazer pelo país", disse.

Lula também disse que o atual desafio do Brasil é o de se reconstruir. “Quando deixei a Presidência, o Brasil estava entre a 6ª e 7ª economia do mundo. Hoje é a 13ª. Estávamos gerando milhões de empregos com carteira de trabalho assinada, fazendo investimento em educação, levando água para o Nordeste com a transposição do Rio São Francisco”, elencou. “Fico triste porque as coisas foram destruídas. (…) Mas é possível consertar o país. Quando cheguei à presidência, em 2003, diziam que o Brasil estava quebrado e não tinha conserto. Pois esse país foi consertado”, completou.
Eletrobras
Na entrevista, Lula também disse estar indignado com a tentativa de privatizar a Eletrobras. “Estou indignado e acho que o povo deve ficar indignado também". 
“Se tem uma coisa que me deixa irritado é a canalhice que estão fazendo com a Petrobras. O que esses malandros fazem? Eles estão destruindo a Petrobras fatia por fatia. Na hora em que privatizaram a BR Distribuidora, apareceram aqui 432 empresas que estão importando gasolina dos Estados Unidos a preço de dólar. E quem paga? Quem tem carro, o caminhoneiro e o povo que vai no supermercado, porque o preço da gasolina, do diesel e do gás entra no preço dos alimentos”, continuou ele.