Feiras são os locais mais em conta para a compra de frutas, verduras e legumes. No Rio, dá para poupar até 22% ao preferir as barracas do que estabelecimento mais caro, o supermercadoCléber Mendes

Rio - Os gastos dos consumidores com alimentos se tornaram maiores nos últimos meses. De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês passado, a cenoura foi a campeã de aumento, com alta de mais de 55%, seguida pela batata-inglesa (23,49%) e hortaliças e verduras (15,42%). Em razão da inflação, os consumidores se perguntam como conseguir fazer as compras do mês com os produtos mais baratos encontrados no Rio. Por isso, a Proteste, associação brasileira de defesa ao consumidor, fez uma pesquisa para verificar se as frutas, legumes e verduras são mais em conta nas feiras, hortifrutis ou supermercados.
Na pesquisa feita no Rio, as feiras foram os locais mais em conta para a compra de frutas, verduras e legumes. É possível poupar até 22% ao preferir as barracas do que estabelecimento mais caro, o supermercado. Para realizar esse estudo, a Proteste coletou os preços de seis frutas, seis legumes e três verduras em dez supermercados, hortifrutis e feiras espalhadas por toda a capital do Rio.
Para a compra da cesta de 15 produtos montada pela associação, o carioca gasta o preço médio de R$ 96,71 se adquire os alimentos das mãos dos feirantes. Caso opte pelos supermercados, estabelecimentos mais caros, os consumidores precisam desembolsar R$ 117,85, ou seja, 22% a mais. Na pesquisa, a associação não levou em consideração a diferença de qualidade dos produtos, mas os preços de itens visivelmente deteriorados não chegaram a ser levados em conta.
Mesmo as feiras oferecendo mais economia aos consumidores, a Proteste avalia que a venda de verduras, frutas e legumes por lote, dúzia, saco, pacote ou unidade é prática comum entre os feirantes, o que dificulta a comparação com hortifrutis e supermercados. Isso porque, geralmente, os valores são fixados por quilo. Dessa forma, para esse estudo, foi preciso considerar o peso médio do produto e, a partir daí, calcular o valor por quilo.
"Quem opta pelas feiras livres deve estar sempre atento. Como não se sabe o peso do produto que está sendo levado para casa, o barato pode sair caro. É preciso cuidar da saúde do bolso.", alerta Daniel Barros, especialista da Proteste.
De acordo com a associação, para evitar o problema, o consumidor pode perguntar ao feirante qual é o peso do lote - o ideal é que haja uma balança na barraca. Outra boa opção é levar uma pequena balança de mão na hora de fazer as compras. Existem modelos pequenos que custam menos de R$ 20. Dessa forma, as feiras podem continuar como uma boa alternativa, lembrando que, diferentemente dos supermercados e hortifrutis, nelas é possível negociar e pedir descontos.
Além de levar em conta o valor total da cesta, a Proteste também analisou a quantidade de produtos mais baratos em feiras, hortifrutis e supermercados. Na capital fluminense, todas as verduras e quatro dos seis legumes definidos para o estudo são mais baratos nas feiras - os outros dois são encontrados por valores mais baixos no hortifruti. Já três das seis frutas da pesquisa têm menor preço, em média, nos supermercados. Esse não deixa de ser outra forma de economizar.
No Rio, na feira, a maça gala nacional, uva thompson, alho, batata, berinjela, cenoura, alface crespa, brócolis e espinafre estão mais em conta. Já no hortifruti, a laranja pera, cebola e tomate, enquanto a banana prata, pêssego nacional e limão taiti têm os melhores preços no supemercado.

"O consumidor deve sempre pesquisar. Se o objetivo é comprar apenas cebola, laranja e tomate, é melhor o carioca ir ao hortifruti do que à feira", recomenda Barros.
Durante a pesquisa, foram observadas diferenças de preços. No Rio, a maior delas se refere à alface crespa, que alcançou 657%. "Isso significa que o consumidor poderia comprar mais seis unidades do produto no local mais em conta e ainda sobraria R$ 0,56 de troco", detalha Barros.
Dicas para a compra
A Proteste ainda traz outras orientações para focar na melhor oferta. Segundo a associação, há medidas que contribuem para que os consumidores tirem o melhor proveito das compras. Entre elas está a hora da xepa, quando a feira está perto de acabar, os feirantes passam a reduzir os preços para vender o restante dos produtos. "Para quem deseja poupar, essa é uma boa alternativa - vale destacar que nem todos os produtos vendidos são de baixa qualidade", indica a associação.
Ao fazer as compras dos produtos nos supermercados, vale ir em dias específicos de promoções no setor de hortifruti. "O melhor é evitar fazer grandes compras nos primeiros dias do mês. Isso porque é nesse período que a maioria das pessoas recebe seus salários, aposentadorias ou pensões", avalia a Proteste.

Além disso, comprar frutas da época costuma garantir preços mais em conta e produtos de melhor qualidade. Já para levar os melhores produtos para casa, é preciso saber escolhê-los. A banana, por exemplo, deve estar amarela, sem pintinhas e pontos verdes. As maças precisam estar firmes e os pêssegos com cheiro doce, casca lisa e sem rachaduras. O ideal é que o verde do brócolis seja intenso, e o mesmo vale para o espinafre. Cebola só com a casca preservada e sem danos, assim como o alho.

Direitos do consumidor

Apesar de as compras em feiras serem mais simples, em tom de informalidade, ainda assim o Código de Defesa do Consumidor (CDC) precisa ser observado. Assim como qualquer fornecer, o feirante possui deveres frente ao consumidor que precisam ser respeitados. É necessário apresentar os dados referentes aos produtos de maneira legível, correta, precisa e ostensiva.
Eles também devem informar previamente as formas de pagamento aceitas, jamais impondo limite de valor mínimo sobre o pagamento realizado por meio de cartão de crédito. Além disso, os feirantes não podem forçar ou coagir os consumidores a efetuarem o pagamento de valores acima do divulgado, com exceção de erros facilmente identificáveis. É ainda necessário que os preços estejam expostos de forma clara e em local de fácil acesso.

Se perceber alguma irregularidade, o primeiro passo é apresentar a reclamação ao próprio feirante. Caso o problema não seja solucionado, os consumidores podem e devem acionar os órgãos responsáveis, como a Proteste e o Procon.