Valor médio das dívidas chegou a R$ 4.022,52 em janeiro - maior desde o início da pandemiaReprodução.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias com dívidas a vencer chegou a 77,7% em abril. É o maior resultado da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), que apura os índices desde janeiro de 2010. Em abril de 2021, a parcela correspondia a 67,5%.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, a inflação é o motivo do aumento expressivo no endividamento das famílias brasileiras, que acabam recorrendo aos cartões de crédito.

“A inflação alta, persistente e disseminada (IPCA em 11,3% ao ano) mantém a necessidade de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para a manutenção do nível de consumo”, afirmou.

Com custos mais elevados, o cartão de crédito continua sendo a origem mais comum das dívidas dos consumidores. A pesquisa revelou que, em abril, a porcentagem de famílias com dívidas em cartões aumentou para 88%.

A modalidade que se mostrou em queda foi o tempo de comprometimento com as dívidas (7,1 meses). O percentual de inadimplência de endividados por mais de um ano continua em queda, representando 32,9%. O resultado mostra que o endividamento é mais frequente no consumo de curto prazo.
A pesquisa mostrou, também, que as dívidas têm se tornado mais comuns nas famílias com maior poder aquisitivo. Em um recorde histórico, um total de 74,5% das famílias com melhor condição financeira estão endividadas. No grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual chegou a 13,5%, o maior número desde abril de 2016.

O índice também registrou recorde entre as famílias de baixa renda. O indicador de contas e dívidas atrasadas alcançou 31,9%.