William Maloney alertou para os riscos das altas taxas de juros no BrasilInternet/Reprodução

São Paulo - O Banco Mundial aumentou de 1,5% para 2,5% a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022, devido ao impulso da reabertura da economia e ao aumento dos preços de commodities. Em 2023, o órgão espera que a atividade no País arrefeça a 0,8%, devido à desaceleração da economia global, aumento dos juros nos Estados Unidos e queda dos preços de commodities. Os números constam do relatório "Novas Abordagens para Resolver o Déficit Fiscal", publicado nesta terça-feira, 4, pela instituição.
Em entrevista, o vice-presidente do Banco Mundial para América Latina, William Maloney, disse que os efeitos de um cenário global mais desafiador no ano que vem já estão incorporados na projeção do banco, de um crescimento "relativamente baixo" do País em 2023. Toda a América Latina deve ser impactada por este cenário, afirmou.
Para o vice-presidente do Banco Mundial, a situação fiscal do País não é negativa, apesar do aumento da dívida em decorrência do auxílio financeiro pago à população durante a pandemia. "A situação fiscal do Brasil não é especialmente difícil para os padrões regionais", disse o analista.
Maloney alertou, contudo, que será necessário observar o impacto do aumento das taxas de juros sobre o pagamento da dívida brasileira, mas lembrou que este quadro é compartilhado também pelo resto da América Latina.
Sobre as eleições, Maloney afirmou que o Banco Mundial deve "trabalhar construtivamente" com qualquer um dos candidatos eleitos para avançar em uma agenda que eleve o crescimento econômico do País, aumente a inclusão e adote medidas efetivas em termos de ação climática.
"Nós trabalhamos com os governos Bolsonaro e Lula no passado e vamos trabalhar construtivamente com quem quer que seja eleito", disse o vice-presidente do Banco Mundial. "Temos uma longa agenda para trabalhar no Brasil."
Sobre o aumento das expectativas de inflação para 2024 observado no relatório Focus, Maloney afirmou que o quadro geral da América Latina ainda é de expectativas controladas, embora o movimento "incipiente" observado seja uma fonte de preocupação. "Obviamente, no longo prazo, você não quer que as expectativas de inflação cresçam e sejam incorporadas a negociações salariais, que, por sua vez, aumentam os preços. Nós queremos evitar esse tipo de espiral. Isso é uma preocupação nos Estados Unidos, isso é uma preocupação em todos os lugares", afirmou.