Mediana para o IPCA de 2024 subiu pela sétima semana consecutiva, de 4,25% para 4,26%Reprodução
Considerando apenas as 54 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do mercado para o IPCA de 2024 passou de 4,27% para 4,26%. A projeção para a inflação de 2025 passou de 4,00% para 3,85%, levando em conta apenas as 54 atualizações no período.
No último ciclo de comunicações, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses alcance 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.
O BC espera inflação de 4,2% este ano e 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta-se IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.
As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta, em 3,60% no caso de 2026 e 3,50% em 2027, pela 13ª e 61ª semana consecutiva, respectivamente.
Projeção suavizada
A mediana do relatório Focus para a inflação suavizada dos próximos 12 meses subiu de 3,83% para 3,87%. Um mês atrás, a taxa era de 3,72%. Essa medida deve ganhar importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta de inflação contínua, que valerá a partir de 2025.
O novo regime prevê que o cumprimento da meta seja apurado com base na inflação acumulada em 12 meses. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, será considerado que o Banco Central descumpriu o alvo.
A meta continua tendo como centro 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Ela pode ser alterada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por iniciativa do ministro da Fazenda, mas é necessário aguardar um prazo de 36 meses para que uma mudança tenha efeito.
Curto prazo
O mercado revisou as projeções para a inflação nos próximos meses. A mediana do relatório Focus para o IPCA de agosto passou de 0,05% para 0,04%, contra 0,11% um mês antes. A estimativa intermediária para setembro foi ajustada de 0,27% para 0,30%, ante 0,21% quatro semanas atrás, enquanto a projeção para outubro foi mantida em 0,30%, mesmo nível de um mês antes.
A mediana do relatório Focus para a alta do PIB de 2025 caiu de 1,86% para 1,85%. Quatro semanas antes, estava em 1,92%. Levando em conta só as 30 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,84% para 1,85%.
Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,00%, como já estão há 56 semanas e 58 semanas, respectivamente.
A última estimativa divulgada pelo BC, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicava crescimento de 2,3% para o PIB brasileiro este ano. O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 2,5% em 2024.
Mesmo com o recuo, os números continuam distantes da meta deste ano, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou para menos. O próprio governo espera obter um déficit primário de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente em linha com o piso do alvo.
A mediana do Focus para o déficit primário de 2025 passou de 0,77% do PIB para 0,76%, fora do intervalo da meta do ano que vem, que também é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto do PIB. Um mês antes, a projeção era de um déficit de 0,70% do PIB.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 apresentado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento na sexta-feira, 30, segue a meta do novo arcabouço fiscal de déficit primário zero no ano que vem em proporção do PIB. As tabelas do documento trouxeram um resultado neutro, equivalente a 0% do PIB, que já desconta cerca de R$ 44 bilhões de gastos com precatórios que ficam fora da meta.
Nominal
A estimativa intermediária do Focus para o déficit nominal de 2024 passou de 7,35% para 7,40%, contra 7,30% um mês atrás. Após estabilidade de oito semanas, a estimativa intermediária para 2025 passou de déficit nominal de 6,50% para 6,79% do PIB.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.
A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 passou de 63,70% para 63,65%, ante 63,70% de quatro semanas atrás. A estimativa intermediária para 2025 passou de 66,55% para 66,45%, contra 66,00% um mês antes.
Considerando apenas as 46 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 10,50%. A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 se manteve em 10,00%, também incorporando apenas as 45 atualizações da semana passada.
Na última sexta-feira, 30, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição não fará um "ciclo de credibilidade", descartando a possibilidade de elevar os juros agora para cortá-los logo depois, apenas como forma de reforçar a reputação dos diretores. E disse que o prêmio de risco na ponta curta da curva - que precificava um aumento mais próximo de 0,5 do que de 0,25 ponto nos juros em setembro - "não é compatível" com as comunicações da autoridade. "Nós entendemos que, se e quando houver um ciclo de ajuste nos juros, esse ciclo será gradual", disse o banqueiro central.
Os analistas de mercado mantiveram as expectativas para a Selic em 2026 em 9,50%. Um mês atrás, era de 9,00%. A Focus também traz a continuidade da projeção de 9,00% em 2027, mesmo patamar das últimas 15 semanas.
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