Projeções dos analistas para a inflação de 2024 e para a evolução do PIB brasileiro subiram nesta semanaMarcello Casal / JrAgência Brasil

As projeções dos analistas para a inflação de 2024 e para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiram nesta semana, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 23, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 subiu pela 10ª semana consecutiva, de 4,60% para 4,84% - acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, a projeção era de 4,34%. Considerando apenas as 100 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 4,63% para 5,00%. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira, 23.

A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos (1,5% a 4,5%). Se a inflação ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.

A estimativa intermediária para a inflação de 2024 passou de 4,89% para 4,91%, também acima do teto, de 4,50%. Quatro semanas atrás, estava em 4,63%. Levando em conta apenas as 100 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa passou de 4,93% para 4,94%.

A mediana para a inflação de 2026 se manteve em 4,0%, contra 3,78% há quatro semanas. A projeção para 2027 passou de 3,66% para 3,80%, de 3,51% um mês antes.

O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária O colegiado espera um IPCA de 4,0% nos quatro trimestres fechados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,95 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).

Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,90% e desacelere a 4,50% em 2025.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 passou de 3,42% para 3,49%, a quinta alta consecutiva. Um mês antes, a estimativa era de 3,17%. Considerando apenas as 68 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a projeção passou de 3,49% para 3,50%.

A estimativa intermediária para 2025 passou de 2,01% para 2,02%, contra 1,95% um mês antes. Levando em conta apenas as 67 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana oscilou de 2,10% para 2,00%.

Os economistas do mercado revisaram a projeção de crescimento da economia para 2026, passando de 2,00% para 1,90%, após 71 semanas de estabilidade. Para 2027, a estimativa permaneceu em 2,0%, como já está há 74 semanas.

O Banco Central revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 de 3,2% para 3,5%. A projeção para 2025 passou de 2,0% para 2,1%. Os números constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, divulgado na última quinta-feira, 19.
Selic
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 passou de 14,00% para 14,75%, ainda na esteira do anúncio de aperto no ciclo monetário da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O colegiado elevou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais dois aumentos de um ponto porcentual, que levariam a taxa a 14,25% em março do ano que vem, o maior nível desde 2016.

Considerando apenas as 96 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a estimativa intermediária para a taxa básica de juros no fim de 2025 passou de 14,50% para 15,00%.

A mediana para os juros no fim de 2026 passou de 11,25% para 11,75%, contra 10,00% um mês antes. A projeção para o fim de 2027 se manteve em 10,0%, ante 9,50% de quatro semanas atrás.

O movimento de elevação das expectativas já havia sido detectado pelo Projeções Broadcast. Após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, na última semana, a pesquisa mostrou que houve avanço da estimativa intermediária para a taxa Selic no fim de 2025, de 14,75% para 15%.

O RTI, por sua vez, reforçou o cenário de deterioração da inflação, já sinalizado na ata da última reunião do Copom, e firmou a percepção do mercado de que será preciso uma taxa de juros rodando acima de 13,75% - estimativa adotada como pico do juro básico no cenário de referência do RTI - para a convergência da inflação à meta de 3%.
Dólar
A mediana do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2024 passou de R$ 5,99 para R$ 6,00. Um mês antes, estava em R$ 5,70. A estimativa intermediária para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,85 para R$ 5,90, na oitava alta seguida. A projeção para o fim de 2026 subiu de R$ 5,80 para R$ 5,84 e, para o fim de 2027, de R$ 5,70 para R$ 5,80.

A moeda americana fechou a última sexta-feira, 20, em R$ 6,0721, em mais um dia de intervenção pesada do Banco Central no mercado de câmbio, com injeção de US$ 7 bilhões. O resultado do fechamento da semana representou um alívio ante o pico visto no fechamento da última quarta-feira, 18 (R$ 6,2657), mas ainda assim uma alta de 0,68% na semana.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.