Cyro Garcia na sabatina do 'Movimento Rio em Frente'Eduardo Uzal / Divulgação / Agência O Dia

Rio - Candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) à prefeitura do Rio, Cyro Garcia abriu o último dia da 6ª edição do 'Movimento Rio em Frente', nesta sexta-feira (30). A série de entrevistas com os prefeitáveis da capital carioca apresentada pela Fecomércio-RJ, com realização dos jornais O DIA e MEIA HORA, em parceria com o SBT e Veja Rio, acontece no auditório da entidade, no Flamengo, Zona Sul.
O candidato conversou com a apresentadora Isabele Benito, âncora do SBT Rio, sobre algumas de suas propostas para a cidade. Entre elas, acabar com as Organizações Sociais de Saúde (OSS), que hoje administram os hospitais municipais, e estimular a desmilitarização da Polícia Militar e oferecer transporte público rodoviário gratuito para a população.
Confira abaixo os principais trechos da conversa, que foi transmitida ao vivo pelas plataformas digitais do DIA, como YouTube e Facebook, e também pelo SBT News
A violência tem sido um dos grandes problemas do Rio de Janeiro. Você defende colocar um ponto final nas operações policiais nas favelas. Como você defenderia essa posição junto ao Governo do Estado? Qual medida efetiva seria colocada em prática para ajudar no combate a criminalidade? O Rio luta diariamente contra o tráfico de drogas e armas dentro das comunidades tomadas por facções rivais e milícias. Como resolver essa questão junto aos órgãos de segurança?
Cyro Garcia - Muitas vezes o prefeito se escuda, porque, na Constituição, a segurança é responsabilidade do estado. Mas a violência acontece na cidade, o prefeito não pode se omitir. Durante operações policiais, postos de saúde são fechados, pessoas são impedidas de chegar no seu local de trabalho, as crianças ficam sem aulas dias e dias. Balas não são perdidas, balas encontram corpos, geralmente negros, que matam a perspectiva de futuros.
A política de segurança aplicada no Rio e no país criminaliza a pobreza, promove o genocídio do pobre e do preto. A droga não nasce na favela, chega na favela. Temos que impedir que a droga chegue na favela. Droga é questão de saúde pública e não de segurança pública. É importante descriminalizar as drogas, para acabar com o tráfico de drogas e de armas. E pretendo estimular a desmilitarização da polícia militar, criar uma nova polícia com um salário digno, para neutralizar a corrupção.
O roubo de celular e outros tipos de crime, que têm a ver com a brutal desigualdade que existe na nossa cidade, podem ser resolvidos com saúde e educação pública de qualidade. E com emprego, para tirar os jovens do aliciamento da criminalidade.

O que o senhor acha da proposta de alguns candidatos de armar a Guarda Municipal?

Cyro Garcia - Sou radicalmente contra o armamento da guarda municipal e que a atividade principal dos guardas seja combater camelôs. Numa cidade onde há o processo de desindustrialização, o camelô é um trabalhador que está lutando para sobreviver. A guarda tem que dar mais segurança nas escolas públicas, hospitais públicos, parques, praças. E os camelôs têm que ser colocados em lugares onde eles possam realizar suas atividades e tratados como parte da população economicamente ativa.

Você propõe que as creches e escolas de educação infantil municipais, garantam vagas, em tempo integral, para todas as crianças até 5 anos. Quais as suas demais propostas para a educação?
Cyro Garcia - Pretendo acabar com a parceria público-privada. Educação é de responsabilidade do poder público, que seja integralmente responsabilidade do município. Existe uma carência de creches. Temos que fazer concursos para que profissionais da educação tenham plano de carreira, salários dignos, educação integral , e alunos tenham infraestrutura nas escolas, laboratórios de informática, auditórios, quadras poliesportiva.
Na saúde, uma de suas propostas é acabar com a terceirização e a privatização dos serviços. O que mais você acredita que precisa ser feito para melhorar a saúde pública no Rio de Janeiro?
Cyro Garcia - Para ampliar o atendimento na rede pública, precisamos estatizar hospitais privados. Dotar o sistema de saúde de profissionais com salários dignos, plano de carreira, equipamentos necessários. Proponho a ruptura imediata com todas as Organizações Sociais de Saúde (OSs), que são uma apropriação de verbas públicas pela iniciativa privada.
A saúde não é mercadoria e tem que ser gerida pela prefeitura. Temos hospitais federais que precisam ser transformados em centros de referência como o Inca; como o Into. Dentro dos hospitais federais há um monte de leitos ociosos, temos que restabelecer esses leitos e ampliar oferta de leitos com construções de hospitais onde eles forem necessários.
Outro plano do senhor é que o transporte público do município seja gratuito. Poderia explicar como o senhor pretende implementar esta ideia no Rio de Janeiro? Se sim, teria também uma previsão de quando iria começar a funcionar?
Cyro Garcia - O transporte público no Rio é um dos mais caóticos do mundo, é horrível. E é todo privatizado. Isso significa que o empresário não está voltado para dar um bom atendimento aos passageiros, está voltado apenas para o lucro. Temos que municipalizar todo o transporte rodoviário: temos que reformar essa frota, oferecer tarifa zero, já que locomoção é um direito da população. E ainda mudar o modal de rodoviário para ferroviário, transformar o BRT em VLT, um transporte que carrega mais gente e é mais limpo. Também pretendo lutar pela reestatização de todas as empresas: SuperVia (trens), barcas e metrô.
E é preciso fazer parcerias com o estado e a União para ampliar a malha do metrô. Paris é muito menor do que o Rio e o metrô de lá é quatro vezes maior. O metrô do Rio é privado, é uma verdadeira lata de sardinha. O de São Paulo é estatal; não tem nem comparação.