Diurna no clima de cabeleireiraPaulo Marcio
Mas e os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro? Como são eles com seus barbeiros? Para saber, conversei com o Zé Araújo, barbeiro do delegado Ramagem (PL), que já teve até uma causa na justiça julgada a seu favor, com seu cliente advogando; falei com o Roberto Viana, amigo e barbeiro do candidato Rodrigo Amorim (União Brasil), que segundo o profissional é bom de gorjeta; teve também o Jorge, que corta o cabelo de Marcelo Queiroz (Progressistas) desde que o candidato era criança; papeei com a Gabriela Buscacio, esposa que faz o papel de barbeira de Tarcísio Motta (PSOL; e, por fim, bati um papo com o Seu Patrício, que atende o prefeito Eduardo Paes.
“O prefeito Eduardo Paes cortava cabelo no salão onde o pai dele também cortava. Eu comecei a cortar o cabelo dele algumas vezes e a gente foi criando afinidade, ele gostou do meu corte”, contou.
Após Paes se tornar prefeito em seu primeiro mandato, em 2008, a agenda corrida impossibilitou a ida frequente ao salão, mas não pensem que o prefeito trocou de barbeiro. Após um acerto entre as partes, seu Patrício passou a atender na casa do cliente.
“Com o tempo, e com a agenda cheia de prefeito, eu comecei atender ele em domicílio, às vezes antes e às vezes depois do expediente. Ele sempre me dá uma missão: ‘Seu Patrício corta rapidinho porque que eu ‘to’ com a minha agenda cheia e não posso demorar’”, revelou Patrício.
Com um corte tradicional há muitos anos, Patrício costuma acertar rápido o cabelo ao gosto de Paes, e revela que, na cadeira do barbeiro, as conversas entre os dois percorrem variados temas, desde política, futebol e aspectos da cidade. Inclusive, Paes é ainda mais bem-humorado
“Em quinze minutos eu corto o cabelo dele. Ele está sempre de bom humor, mas sempre apressado (risos). E é assim há muitos anos. Ele sempre muito alegre e muito feliz. É um apaixonado pela cidade como eu sou também”, completou.
Trabalhando no mesmo ponto há 35 anos, o profissional tem orgulho em ter o deputado estadual entre seus clientes e acredita que as conversas travadas na cadeira de seu salão ajudam Amorim em suas atividades parlamentares e na corrida eleitoral deste ano.
"Pra mim é importante ter um cliente como ele, pois me dá know-how de ter uma pessoa conhecida e importante como cliente, e traz uma clientela nova. Como somos tijucanos e conhecemos tudo sobre a região, as conversas ajudam a ter percepções sobre o que ocorre aqui, na cidade. Tenho orgulho disse", afirmou.
Já com relação ao corte, Amorim é conservador como na política e pouco variou ao longo dos anos. "Sempre máquina nos lados e tesoura em cima. Ele sempre manteve esse visual", finalizou Roberto.
Gabriela Buscacio, 'barbeira' de Tarcisio Motta
"A gente é casado há 29 anos. No dia que a gente começou a namorar, ele cortou o cabelo e ficou horroroso. Foi péssimo e eu falei que o cabelo não ficou bom. E naquele momento ele disse que então deixaria o cabelo crescer e à medida que foi crescendo, chegou o momento em que eu falei que tinha de cortar. E desde então eu venho cortando as pontas dele", contou Gabriela.
A convivência, inclusive, é ressaltada quando o aspecto é a política, pois o casal conversa bastante sobre o tema durante as aparadas de pontas do candidato.
"São 29 anos, então tem conversas sobre muita coisa. A gente tem muito tempo junto, a gente está na política juntos. O trabalho dele é parlamentar, mas eu acredito nessa luta pra melhora da nossa cidade. Então conversamos muito sobre política, tem a ver com o nosso dia a dia", afirmou.
Caso Tarcísio seja eleito, Gabriela se tornará a primeira-dama da cidade, mas garantiu que continuará como barbeira do marido. "Pra não correr o risco de ficar igual há 29 anos".
Delegado de polícia, Ramagem tem o seu 'barbeiro de lei', aquele que ele não troca jamais e sempre procura para manter a aparência. Ele se chama José Antônio de Araújo, ou Zé para os clientes, e bate ponto há 33 anos em seu salão, na Barra da Tijuca, 27 destes frequentados pelo candidato do PL.
"Ele corta comigo há 27 anos. Eu vi quando ele se formou em Direito, quando entrou para a Polícia Federal, quando virou político e te falo: Ele nunca mudou em nada. Sempre foi uma pessoa séria, muito humilde", revelou Zé.
Apesar da seriedade, Zé revela que Ramagem também se divertia e dava risadas descontraídas na cadeira do salão. Ele acredita ter contribuído para as pautas defendidas por Ramagem em suas campanhas baseadas nos bate-papos durante os cortes.
Ele gostava de falar sobre futebol, sorria bastante. Quando falávamos da política, ele sempre fazia comentários sobre necessidade de mudanças. Quando ele fez parte da segurança do ex-presidente Bolsonaro sempre falava em melhorar as coisas. Me perguntava como eu via o país. Eu dava minhas opiniões e ele ouvia atento. Eu acredito que ajudei".
Como delegado, Ramagem não deixava a barba crescer. "Sempre foi o mesmo corte de aparência séria. Espero que eleito ele continue vindo aqui", disse Zé.
Jorge Aguiar, barbeiro de Marcelo Queiroz
Jorge Aguiar conhece como ninguém a cabeça do candidato a prefeito Marcelo Queiroz (Progressistas). Afinal, corta o cabelo dele desde a infância, sendo amigo da família.
"Atendo o Marcelo desde garotinho, há mais de 30 anos. Conheço a mãe dele Dona Marli pessoa maravilhosa, sempre tive muita confiança, correto no que faz, a família toda assim. É uma das pessoas melhores, não tem nenhuma falha de caráter pessoa capaz, estudioso", contou Jorge.
Por ter uma relação tão longeva, Jorge acompanhou toda trajetória de Queiroz na política. Ele ressalta que o deputado federal sempre teve vocação para a causa e que ao cortar o cabelo do candidato, sempre evitou ao máximo falar de política naquele momento.
"Ele fala pouco, sabe o que acontece e eu evito ficar perguntado, por que você pode causar desconforto, então eu não fico cutucando. Não, não digo que influencie em algo. O Marcelo sempre gostou de política, ele nasceu pra política. Apesar de não precisar, ele tem essa coisa de ajudar, de melhorar. Eu confio plenamente nele. Marcelo está na política por pura vocação", afirmou.
O barbeiro contou que Marcelo Queiroz sempre optou por um corte clássico. "Ele fez poucas variações dentro do mesmo tempo. Marcelinho sempre foi clássico, nunca usou cabelão, nunca aderiu a cabelo de moda. Ele é comportado".
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