Brasileiros tentam escapar da guerra no SudãoFoto: Reprodução/Arquivo pessoal

Um grupo de nove brasileiros composto por cinco membros da comissão técnica e quatro jogadores do time de futebol Al-Merrikh tenta deixar o Sudão para escapar da guerra no país. Eles saíram da capital Cartum após mais de uma semana de conflito com a ajuda do ônibus do próprio clube em direção à fronteira com o Egito. Ao programa "Fantástico", da TV Globo, eles relataram a dificuldade da fuga.
"Uma tensão muito grande. Passamos numa barreira ali, os soldados mandaram todos descerem do ônibus", disse o técnico Heron Ferreira, que completou: "Nós vamos viajar a noite toda, a madrugada toda, para que, às oito horas da manhã, a gente esteja na divisa, na fronteira do Sudão com o Egito".
Entre os passageiros está o ex-jogador do Flamengo, Paulo Sérgio, que criticou a falta de apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Segundo o atleta, eles não foram ajudados pelo Itamaraty para fugir do país até o momento.
"Sempre ficaram de 'estamos com as outras embaixadas, estamos conversando' enfim, e não resolveram nada", relatou o Paulo Sérgio, que também falou ao "g1": "Não foi o governo brasileiro que conseguiu o ônibus que vai levar a gente para uma cidade afastada daqui, onde iremos dormir e viajar para o Egito. Esse ônibus foi fretado pelo clube. O governo brasileiro foi omisso".
O Itamaraty disse em nota ao "Fantástico" que esforços estão sendo enviados para garantir a segurança e retirada de todos os brasileiros que estão no Sudão o mais rápido possível, e informou que 15 dos 16 brasileiros que estavam na capital do país já deixaram o local.
Ainda segundo o ministério, o governo brasileiro chegou a viabilizar a evacuação mais ampla junto à Organização das Nações Unidas (ONU) e a países europeus, mas não foi concretizada por questões de deslocamento e segurança.
Segundo a Associated Press, os conflitos entre as forças armadas do Sudão e o grupo paramilitar conhecido como Forças de Apoio Rápido (FAR) já somam 420 mortos, sendo 264 civis, e 3.700 pessoas feridas.
A disputa envolve o comandante do Exército, general Abdel Fatah al Burhan, líder do país, e seu número 2, o general Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como "Hemedti", comandante das FAR. Eles disputam o poder após darem um golpe de Estado em governantes civis em outubro de 2021.