Apostas esportivas tiveram grande crescimento no BrasilReprodução

Na denúncia à Justiça sobre o esquema de manipulação de 13 jogos nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e de alguns estaduais de 2023, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) citou a Bet365 e a Betano como as principais casas de apostas que foram alvo do grupo criminoso. Elas são consideradas vítimas, assim como os clubes.
Nessa parte do documento, obtida pelo DIA, os responsáveis pela segunda fase da Operação Penalidade Máxima afirmam que "o grupo se vale, ainda, de inúmeras contas de terceiros para aumentar seus lucros, ocultar reais beneficiários". Contas falsas também foram criadas.
Nas casas de apostas, em especial as duas citadas na denúncia e que são as principais no mercado brasileiro, os integrantes do esquema faziam apostas de valores pequenos (de até R$ 200) para não chamar a atenção e evitar que apostas maiores fossem bloqueadas. Por isso, necessitavam criar várias contas, com CPFs distintos, para amplificar os ganhos.
Em outro braço do esquema, o grupo cooptava jogadores, que recebiam valores que podiam chegar a até R$ 100 mil, para receberem cartões amarelo ou vermelhos, ou cometerem pênaltis. Essa modalidade de aposta em cartões não é aceita em vários países, mas é comum no Brasil.
Patrocinadora master do Fluminense, do Atlético-MG e da Copa do Brasil, a Betano informou que o posicionamento sobre o escândalo de manipulação de jogos está alinhado ao da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL). A reportagem não conseguiu contato com a Bet365.
A ANJL, em nota publicada na quinta-feira (11), afirmou que "lamenta e condena qualquer ação de cunho ilícito que prejudique o esporte, a prática do jogo responsável, a integridade dos resultados e, principalmente, o mercado de apostas esportivas. É preciso deixar muito claro que as casas de apostas são as principais vítimas das fraudes ocorridas. A ANJL apoia a apuração dos casos e espera que as autoridades competentes e as entidades federativas punam, de forma exemplar, esses atletas".

Entenda o caso

Nesta segunda fase da Operação Penalidade Máxima, o MP-GO denunciou 16 pessoas, entre atletas e apostadores que viraram réus no caso. Bruno Lopez, preso preventivamente, é considerado o líder da quadrilha.
Entre os jogadores, foram denunciados Eduardo Bauermann (Santos), Fernando Neto (Operário-PR hoje no São Bernardo), Gabriel Tota (do Juventude emprestado ao Ypiranga-RS), Igor Cariús (ex-Cuiabá e hoje no Sport), Matheus Gomes (Sergipe), Paulo Miranda (ex-Juventude e sem clube), Vitor Ramos (ex-Portuguesa e atualmente na Chapecoense).
Eles responderão por crimes definidos pelo Estatuto de Defesa do Torcedor, cujas penas podem variar de dois a seis anos de prisão.
Outros quatro jogadores fizeram acordo e ajudaram nas investigações: Kevin Lomónaco (Bragantino), Moraes (Atlético-GO), Nikolas Farias (Novo Hamburgo-RS) e Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria). E muitos atletas foram citados nas investigações, com prints de conversas entre eles e apostadores.
Devido ao volume de nomes citados, não está descartada uma terceira fase da operação. Além disso, o Ministério da Justiça determinou a abertura de inquérito pela Polícia Federal para ajudar nas investigações.
Na esfera esportiva, o STJD recebeu todos os dados obtidos até o momento e prepara uma ação contra os jogadores envolvidos, que devem receber suspensão preventiva na próxima semana.