Rodrigo ParaíbaFoto: João Lucas Cardoso / Joinville
A troca de mensagens entre Bruno Lopez (mencionado como BL nas conversas) e Rodrigo Paraíba traz como tema uma partida válida pela semifinal do Campeonato Paraibano deste ano. O jogo investigado na Operação Penalidade Máxima é a partida entre Treze e São Paulo Crystal, e a princípio, envolvia apenas um acordo de cobranças de escanteio. No entanto, o ex-jogador "garantiu" a vitória do Galo.
"Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou "muleke" (sic) ou idiota de entrar em alguma furada?", disse.
Ao "Estadão", Rodrigo Paraíba confirmou as conversas com BL. Porém, negou que tenha participado de esquema fraudulento de apostas. Segundo o ex-jogador, houve apenas uma previsão do que aconteceria na partida.
O Treze venceu por 1 a 0 a partida, com gol de Jhonatan Moc. Como o jogo de ida teve empate em 1 a 1, o Galo foi para a decisão e, posteriormente, levou o título ao superar o Sousa nos pênaltis. O título, porém, está sub judice.
Segundo as investigações do Ministério Público, Bruno Lopez seria o principal agente de apostas no Campeonato Paraibano. Cabia a ele escolher quais seriam as alternativas mais vantajosas para o grupo na competição. BL foi preso no dia 14 de fevereiro, no decorrer da primeira fase da Operação Penalidade Máxima, e solto cinco dias depois. Em abril, ele, que se apresentava originalmente como empresário de jogadores, voltou a ser preso.
ENTENDA O CASO
A investigação sobre suspeita de manipulação de resultados teve início em novembro do ano passado. O mandatário do Vila Nova, Jorge Hugo Bravo, descobriu que jogadores do clube vinham sendo aliciados por um grupo de apostadores antes da partida contra o Sport pela Série B. O dirigente juntou provas da tentativa de manipulação e procurou os promotores que combatem o crime organizado no estado.
Oficial da Polícia Militar, Jorge Hugo Bravo descobriu que o atleta Marcos Vinícius Alves Barreira, apelidado de Romário, tinha sido aliciado. Como o jogador não foi escalado, tentou induzir algum companheiro de time a levar um cartão vermelho ou cometer um pênalti no seu lugar. O valor combinado, segundo depoimento de Romário, era de R$ 150 mil, com uma "entrada" de R$ 10 mil, conforme vídeo de seu depoimento divulgado no programa dominical "Fantástico", da Rede Globo. Entre os vídeos, há ameaças de um integrante do esquema ao zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos.
A investigação apontou que houve manipulações em jogos das Séries A e B do Brasileirão de 2022 e em partidas de Estaduais. O grupo pagava para que jogadores fizessem determinadas ações, como receber cartões amarelo e vermelho ou cometer pênaltis. Em paralelo, os integrantes apostavam em sites do ramo que esses lances ocorreriam durante os jogos e conseguiam lucros.
Há estimativas de que o grupo “investiu” R$ 8430,00 e somou ganhos de R$ 730.616,00. O MP-GO continuará a apurar o caso e não descarta que ocorreram manipulações de resultados em outros jogos de futebol. A Operação Penalidade Máxima está em sua segunda fase.
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