Luighi foi alvo de um torcedor nas arquibancadas, que imitou um macaco em sua direçãoReprodução / Internet

Rio - A CBF criticou a punição da Conmebol ao Cerro Porteño, do Paraguai, após o caso de racismo com o atacante Luighi, do Palmeiras, em jogo válido pela Libertadores sub-20. Em nota, a confederação ressaltou que a pena foi branda e insignificante, além de não combater com rigor necessário a discriminação racial, diferente do que foi prometido pela entidade sul-americana.
"A decisão não combate com o rigor necessário a discriminação racial ocorrida, mas, lamentavelmente, incentiva a prática de novos atos criminosos ante a ineficácia das penalidades aplicadas - sobretudo a um clube reincidente -, porque só atinge a equipe sub-20 do clube denunciado que está muito provavelmente apenas a um jogo de encerrar sua participação na competição, tornando a já insignificante penalidade, sem serventia", diz um trecho da nota da CBF.
A Conmebol anunciou neste domingo (9) que o Cerro Porteño foi punido em 50 mil dólares (cerca de R$ 288 mil) e determinou portões fechados nos próximos jogos do time paraguaio na Libertadores sub-20. O clube terá 30 dias corridos para efetuar o pagamento. Além disso, a entidade exigiu a publicação de uma campanha de conscientização contra o racismo nas redes sociais durante a competição.
O Cerro Porteño enviou uma carta ao Palmeiras, no sábado (8), pedindo desculpas pelo gesto racista cometido por um torcedor para os jogadores Luighi e Figueiredo. No documento endereçado à presidente Leila Pereira, o clube paraguaio prometeu tomar todas as providências para banir do estádio o responsável e que vai colaborar com as autoridades para encontrá-lo.
O caso ocorreu na última quinta-feira (6), durante a partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, do Paraguai, pela Libertadores sub-20. Luighi deixava o gramado pela lateral após ser substituído, quando um torcedor paraguaio fez gesto de macaco para o jovem brasileiro, de 18 anos.
O Palmeiras foi firme em posicionamento em que prometeu "ir até as últimas instâncias para que todos os envolvidos em mais esse episódio repugnante de discriminação sejam devidamente punidos". A CBF prometeu enviar uma representação à Conmebol para cobrar rigor nas punições, como a exclusão do Cerro Porteño da competição.
Além da CBF, o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) manifestou apoio a Luighi e cobrou rigor na punição aos envolvidos, assim como o Ministério do Esporte do país. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, também repudiou o episódio e prometeu "medidas rigorosas" por parte da entidade em relação ao tema.

Veja a nota oficial da CBF: 

"A Confederação Brasileira de Futebol, embora ainda não tenha sido notificada sobre a denúncia que ofereceu em face do Club Cerro Porteño (Paraguai), em razão dos crimes cometidos pelos seus torcedores contra os atletas Luighi e Figueiredo da Sociedade Esportiva Palmeiras, vem registrar sua inteira indignação com a decisão da Comissão Disciplinar da Conmebol em razão da sua completa inefetividade.

A decisão não combate com o rigor necessário a discriminação racial ocorrida, mas, lamentavelmente, incentiva a prática de novos atos criminosos ante a ineficácia das penalidades aplicadas - sobretudo a um clube reincidente -, porque só atinge a equipe sub-20 do Clube denunciado que está muito provavelmente apenas a um jogo de encerrar sua participação na competição, tornando a já insignificante penalidade, sem serventia.

O racismo no esporte, além de ser uma afronta à dignidade humana, compromete os valores de respeito, inclusão e igualdade que devem nortear as competições esportivas.
A CBF tem reforçado continuamente sua política de tolerância zero contra atos discriminatórios e adotará todas as medidas cabíveis face ao descumprimento do Protocolo Global Antirracismo da FIFA pela Conmebol, cuja aplicação é obrigatória conforme a Circular nº 1884, enviada em 16 de maio de 2024, para todas as 211 (duzentas e onze) associações membros da FIFA. Rio de Janeiro, 09 de março de 2025"