Alejandro DomínguezDaniel Duarte/AFP

Rio - A declaração do presidente da Conmebol sobre a importância dos clubes brasileiros na Libertadores não repercutiu bem no mundo, especialmente no Brasil. Em nota assinada pelos Ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e das Relações Exteriores, o governo brasileiro repudiou a fala de Alejandro Domínguez, que comparou a competição sem equipes brasileiras a "Tarzan sem Chita".
"As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis", diz um trecho da nota (confira abaixo na íntegra).
Após a cerimônia do sorteio dos grupos da Libertadores e Sul-Americana, na segunda-feira (17), em Luque, no Paraguai, Alejandro Domínguez foi questionado por jornalistas sobre uma possível realização dos torneios sem a presença dos brasileiros — algo sugerido por Leila Pereira, presidente do Palmeiras, após a pena branda da confederação sul-americana ao Cerro Porteño pelo caso de racismo com Luighi.
"Em relação às minhas declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A Conmebol Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos dez países membros. Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol", disse Domínguez, em nota.
A Conmebol puniu o Cerro Porteño em 50 mil dólares (R$ 284 mil) e determinou que jogassem com portões fechadas, mas apenas na Libertadores sub-20. A CBF considerou a pena branda e enviou um ofício a Fifa, justificando que o protocolo para atos de racismo não foi cumprido. O presidente Ednaldo Rodrigues não compareceu ao evento no Paraguai e não enviou representantes, assim como Leila Pereira, do Palmeiras.
"O Ministério do Esporte manifesta seu total repúdio às declarações do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que escolheu a pior analogia para comentar a importância dos clubes brasileiros na Copa Libertadores. Expressões dessa natureza são inaceitáveis e não condizem com o respeito e a responsabilidade que o futebol sul-americano exige de seus dirigentes", afirmou o Ministério em nota.

Nota oficial do governo brasileiro:

"O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, as declarações do Presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Dominguez, na noite de ontem, 17 de março, em entrevista à imprensa após cerimônia de sorteio da fase de grupos dos torneios promovidos por aquela entidade.

As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis.

O governo brasileiro exorta a Conmebol e as Federações Nacionais de Futebol da América do Sul a atuarem decisivamente para coibir e reprimir atos de racismo, discriminação e intolerância, promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes, imigrantes e outros grupos vulneráveis ao esporte.

O governo brasileiro reitera seu compromisso com iniciativas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, inclusive medidas contra qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes.

Ministério do Esporte; Ministério da Igualdade Racial; Ministério das Relações Exteriores"

Nota oficial do Ministério do Esporte:

"O Ministério do Esporte manifesta seu total repúdio às declarações do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que escolheu a pior analogia para comentar a importância dos clubes brasileiros na Copa Libertadores. Expressões dessa natureza são inaceitáveis e não condizem com o respeito e a responsabilidade que o futebol sul-americano exige de seus dirigentes.

O Brasil possui uma história vitoriosa no futebol mundial e na Libertadores, sendo peça fundamental na valorização da competição. O Ministério do Esporte reforça a importância do respeito aos nossos clubes, atletas e torcedores, e seguirá atento a qualquer situação que possa desrespeitar ou desmerecer o protagonismo do futebol brasileiro.

Reafirmamos nosso compromisso com um esporte mais inclusivo, diverso e livre de qualquer tipo de manifestação inadequada. O futebol sul-americano precisa ser pautado pela igualdade e pelo respeito entre todas as nações que o compõem."