Daniel Alves ao lado da advogada Inés Guardiola, que o representou no casoAFP

Rio - A imprensa espanhol se dividiu sobre a decisão do Tribunal de Justiça da Catalunha de anular a sentença de quatro anos e seis meses de prisão por agressão sexual, contra uma jovem em uma boate de Barcelona, em dezembro de 2022. Alguns veículos criticaram a decisão, já outros saíram em defesa da decisão judicial.
"Eu acho o que aconteceu lamentável, especialmente considerando o que isso significará para futuras vítimas de abuso sexual. Agora, se você for ela, o que acontece? Eu entendo que eles a aconselharam a apelar, mas ela dirá, por quê? Ela não queria chegar a um acordo precisamente para se dar credibilidade, mas ela deveria ter aceitado porque você nunca sabe como vai acabar no tribunal. É totalmente lamentável", disse o comentarista Gonzalo Miró, do jornal Marca e da rádio COPE, da Espanha.
Daniel Alves chegou a ficar 14 meses preso e acabou liberado um mês depois da sua condenação em março do ano passado. Ele desembolsou algo em torno de 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões à época) e obteve liberdade provisória.
"Temos que respeitar o que a justiça diz. Houve muitos julgamentos midiáticos. A presunção de inocência prevalece. Agora ele foi absolvido de um crime que, segundo o juiz, não puderam confirmar. Imagine... Podemos nos colocar no lugar do Alves: isso afeta você na vida pessoal e profissional. É um dano que só quem já passou por algo parecido consegue entender como isso o afetou", opinou Manu Carreno, apresentador da rádio COPE, da Espanha.
Daniel Alves teve sua condenação anulada nesta sexta-feira pelo Tribunal de Justiça da Catalunha, de sua condenação de quatro anos e seis meses de prisão por agressão sexual, contra uma jovem em uma boate de Barcelona, em dezembro de 2022. A decisão foi unânime, e se baseou na "insuficiência de provas" para que o atleta fosse condenado, inicialmente. Ainda cabe recurso da defesa da mulher.
A decisão favorável ao lateral anula dois outros recursos, que corriam em paralelo no Tribunal de Justiça da Catalunha, ambos apelavam pelo aumento da pena: a promotoria pública defendia uma condenação de nove anos, enquanto outra ação, movida por um processo privado, pediu pela elevá-la para 12 anos.

O júri foi composto por três mulheres e um homem. Na análise do juiz Manuel Álvarez, junto a seus magistrados, a decisão que condenou Daniel Alves no último ano contém uma série de "lacunas, imprecisões, inconsistências e contradições sobre os fatos". As provas, depoimentos e decisão do Tribunal de Barcelona foram novamente analisados na apelação do jogador.

Para se basear na decisão, ainda foi apontada a confiabilidade no depoimento da vítima durante o julgamento inicial. "O que foi explicado pela denunciante difere sensivelmente do que aconteceu de acordo com o exame do episódio registrado. A divergência entre o que a queixosa relatou e o que realmente aconteceu compromete seriamente a fiabilidade da sua história", afirmou a decisão do Tribunal da Catalunha.
Daniel Alves não atua profissionalmente desde 2023, quando teve seu contrato rescindido junto ao Pumas, do México, após a exposição da denúncia de agressão sexual. Seu ex-clube ainda busca, junto ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), uma indenização financeira, prevista em contrato, pela quebra do vínculo.