Danilo em treino no Ninho do UrubuAdriano Fontes/Flamengo

Rio - Na entrevista coletiva desta sexta-feira (25), Danilo se solidarizou com Tite, que fez uma pausa na carreira para cuidar da saúde física e mental após sofrer uma crise de ansiedade. O zagueiro do Flamengo mandou um abraço para o treinador e contou que já lidou com o problema.
"Não falei com o Tite, não, mas queria mandar meu abraço para ele, meu carinho. Sempre foi um cara incrível com a gente na seleção brasileira. Comigo, especificamente, sempre teve uma relação muito carinhosa, de muito respeito e de muito aprendizado da minha parte. Ao mesmo tempo sempre me escutou, sempre deu muita abertura para as opiniões e para aquilo que eu enxergava como futebol", disse Danilo.
"Quero mandar meu abraço para ele e para a família, que ele possa estar se sentindo melhor o quanto antes. É um tema muito sensível e que, às vezes, a gente não dá o valor necessário. Eu, há mais ou menos três ou quatro anos, passei por um episódio dessa maneira. Também sofri com crise de ansiedade em momentos de dificuldade psicológica. Não é nada agradável de sentir e mais difícil ainda de passar", completou.
O treinador estava perto de retornar ao Corinthians. O clube paulista informou que ele era esperado para assinar o contrato e comandar os trabalhos da equipe na última terça-feira.
"Penso que isso pode ser uma oportunidade para que a gente olhe o esporte de alto rendimento, ou pelo menos tente, de uma maneira diferente. Acredito que nós, atletas, principalmente os de maior poder financeiro, de uma voz de alcance maior, temos condições de buscar ajuda por nós mesmos. Ou uma consciência de entender que precisamos de ajuda na maioria das vezes. Podemos buscar profissionais e estruturas que possam nos ajudar", afirmou Danilo.
O zagueiro do Rubro-Negro aproveitou o assunto para falar um pouco mais sobre saúde mental. Ele destacou a importância de valorizar o ser humano antes do atleta. Além disso, pontuou que o problema afeta não só os jogadores, mas também a sociedade.
"Mas que a gente possa ter uma consciência da camada da raiz. Nas categorias de base, nos clubes que têm menor condição financeira ou visibilidade. Tentar desenvolver um trabalho onde a gente valorize o ser humano primeiramente, antes do atleta de futebol, antes do jogador de futebol. Até porque o atleta de futebol só vai existir e performar na potência se, psicologicamente, ele estiver bem e equilibrado".
"Isso é um problema que não afeta só o futebol, é um problema que afeta nossa sociedade. É uma sociedade extremamente ansiosa e preocupada. E que a gente possa servir como alerta para encontrar mecanismos de dar voz e visibilidade para as histórias boas, dar suporte para as pessoas estarem bem e minimamente confortáveis. É um assunto muito longo e acredito que precisa de muito tempo para debate".