Fluminense recebeu proposta pela SAF, e Mário Bittencourt pode ser o CEO, o que incomoda torcedoresRoberta Agum/FFC

Torcedores do Fluminense que estiveram no Maracanã na quarta-feira (10), na vitória por 2 a 0 sobre o Bahia, pela Copa do Brasil, não mostraram animação com a proposta de compra da SAF tricolor. Apesar de a maioria ser favorável à venda do departamento de futebol do clube, eles mostraram preocupação principalmente em relação ao valor inicial de R$ 500 milhões de aporte por 65% das ações, assim como serem contra a possibilidade de o presidente Mário Bittencourt virar CEO.
"Eu sou a favor da SAF, mas achei os valores baixos dessa proposta. Também não diz quem vai ser o CEO. Se for o Mario, eu sou contra. Mas tem que virar SAF. Hoje em dia não tem como, para brigar pra título precisa virar, senão não vai ganhar mais nada", opinou o bancário Isaac Nascimento, de 60 anos.
"No momento eu sou contra por causa dos valores, que eu não concordo plenamente, e a fato de o Mário Bittencourt tentar ser o CEO da SAF. Isso para mim, hoje, não vale a pena. Se não fosse isso, seria a favor", disse o bancário Wagner Fernandes, de 35 anos.
Apesar das muitas dúvidas, também há um senso comum: só mesmo a entrada demais dinheiro para o Fluminense poder brigar de igual com os clubes que atualmente dominam o cenário econômico no futebol brasileiro.  
"Eu ainda estou em cima do muro. Muita coisa ainda que pra mim ainda continua nebulosa. Eu acho que eles estão utilizando muito dos números pra tentar convencer as pessoas. Seria importante a gente talvez ter uma SAF para a gente poder evoluir, conseguir competir com outros clubes, com o Botafogo, o Palmeiras, o Flamengo, que hoje têm faturamentos muito grandes", avaliou o estudante João Victor, de 20 anos.

A favor da SAF, mas contra os valores

Para os tricolores ouvidos pela reportagem de O Dia, o dinheiro a ser pago nos três primeiros anos de SAF (R$ 250 milhões no ato da compra e a outra metade em até 24 meses) não é suficiente para equacionar as dívidas de R$ 865 milhões e construir um time competitivo para brigar por mais títulos.
"Sou a favor, só que a gente está esperando mais... são só 500 milhões e depois usar um dinheiro novo. É só isso, pelo jeito, e o resto vai ser a receita do Fluminense de ano em ano, está estranho. Se não fosse isso, era a favor", concorda o vigilante Jair Bueque, 45 anos.
"Eu sou contra. Porque são valores próximos ao que o Fluminense já arrecada hoje. Se o aporte fosse mais um pouquinho, aí eu seria a favor. Pra realmente ter confiabilidade, tem que já entrar agora com o aporte e já bom", disse o porteiro Kleber Mariano, 60 anos.

Dúvidas sobre promessa de investimentos

Outro ponto de reclamação é o compromisso de investimento de R$ 6,4 bilhões em 10 anos. Eles questionam esse ponto da proposta entregue pela gestora LZ Sport, representante dos torcedores-investidores, principalmente porque o valor viria do aumento das receitas do Fluminense com a nova gestão.
"Pelo o que eu entendi daquilo ali não é uma boa fazer isso agora, entendeu? Eu acho que, até pelos valores que estão ali, que são contraditórios. A gente tem um valor que tá sendo, entre aspas, dito que o clube vai receber, mas na verdade não é aquilo, porque ali está incluindo premiações, etc. Então, eu sou contra", avaliou Antônio Esturao, 55 anos, aposentado.
"Sou contra. Porque eu acho que, primeiramente, eles só vão botar 500 milhões em dinheiro e o resto vai ser tudo o dinheiro que o clube vai vir e vai gerar. E eles só vão pegar esse dinheiro e vão... Investir. Vão investir, exatamente. E também que eles não citaram ninguém de quem vai ser os administradores dessa nova SAF, dessa nova SAF. Se for o Mario ou a gestão atual, eu não concordo. Sou de esperar a eleição para presidente e depois repensar e ver a ideia da SAF", afirmou o estudante Rafael Delpupo, 18 anos.
"Eu sou a favor, mas dessa SAF não. Eu achei meio estranho algumas colocações. Precisa de mais esclarecimento. Agora vamos aguardar e ver o que vai acontecer. Faltou clareza em algumas situações, principalmente em relação aos valores", explicou o administrador Paulo Lopes, 41 anos.

Aposta em mais profissionalismo

Há também quem veja a SAF como uma oportunidade de tornar a gestão do futebol do Fluminense mais profissional.
"Acho que vai deixar o time mais profissional, vai conseguir ajeitar um pouquinho a gestão. Eu sinto que as direções que o Fluminense toma, como contratação de jogador, não é muito profissional. Acho que a SAF vai ser bem mais profissional e vai ter mais dinheiro no clube. Eu não sei exatamente como vai funcionar mas por cima eu imagino que vai entrar mais dinheiro sim", opinou o assistente de serviço ao cliente Erick Garcia, 22 anos.
Mas outros pedem mais detalhes e esclarecimentos sobre a proposta de compra da SAF tricolor, especialmente na questão de como funcionará o comando com vários donos.
"O nosso presidente está negociando, sendo que ele é a parte direta envolvida. Então, como que pode? Um presidente, será que ele vai realmente fazer o melhor negócio pro Fluminense ou pra ele? Não estou dizendo que ele esteja fazendo, mas é o que pode acontecer. Então, você não tem que ter essa dúvida. Eu sou a favor da SAF, com todo mundo votando com consciência. Também não concordo com esse grupo de investidores: quem vai mandar no Fluminense? vai ter briga entre esse grupo? Tem que ter uma cabeça que manda", avaliou o bombeiro militar Maurício Moreira, 48 anos.