Momento em que o pastor Dudu chega a 67 DP, em GuapimirimDivulgação

Guapimirim – Um pastor da Igreja Assembleia de Deus da congregação Monte Horebe foi preso preventivamente em Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por diversos crimes de estupro de vulnerável, ou seja, quando as vítimas são menores de 14 anos. O acusado foi identificado pelas iniciais J. L. S., de 48 anos, mais conhecido como pastor Dudu. A captura foi feita por policiais civis da 67ª DP (Guapimirim), nesta quarta-feira (12/4), em cumprimento de mandado expedido nesse mesmo dia pela Vara Criminal da Comarca de Guapimirim. O DIA noticia essa história em primeira mão.
Mandados de prisão preventiva podem ser executados em qualquer parte do devido processo legal, quando o acusado representa um risco às vítimas e/ou às investigações, sem limite de tempo na prisão, até que as investigações sejam concluídas e a Justiça ache apropriado liberar o réu. É diferente da prisão temporária, cuja duração é de até cinco dias, podendo ser prorrogada por igual período.
O delito que deu início às investigações contra o líder religioso só veio à tona alguns dias e foi denunciado à delegacia no último dia 2 de abril, quatro anos depois do ocorrido. Em 2019, o pastor Dudu socorreu um homem com crise de abstinência de drogas, ao levá-lo para o Hospital Municipal José Rabello de Mello, em Guapimirim. Enquanto o homem era atendido na unidade de saúde, J. L. S. teria se aproveitado da situação e mantido relações sexuais com a filha desse paciente dentro do carro. A vítima é sobrinha-neta do acusado e na época só tinha 11 anos.
A vítima hoje tem 15 anos e decidiu contar para a mãe o que havia acontecido na época. Um detalhe é que a progenitora da adolescente já havia sofrido tentativa de abuso sexual por parte do líder evangélico há alguns anos.
Depois que o caso da adolescente se difundiu entre os familiares e conhecidos, outras quatro vítimas, atualmente adultas, decidiram romper o silêncio e compareceram a 67ª DP (Guapimirim) para também denunciar o pastor Dudu por praticar abusos sexuais quando elas eram mais novas.
A difusão dos supostos crimes sexuais praticados por J. L. S. criou divergências familiares. Algumas pessoas diziam que ele era um “coitadinho” por ser pedófilo e que poderia sofrer muito na cadeia, caso fosse preso. Como se pode perceber, parte da família se torna cúmplice ao tentar ignorar os acontecimentos em vez de estar ao lado das vítimas.
Até o momento, a polícia já tem os relatos de cinco vítimas, incluindo a adolescente e a mãe dela. Segundo as investigações, os alvos do pastor Dudu tinham entre 5 e 11 anos de idade e os primeiros registros de crimes teriam ocorrido 30 anos atrás, entre 1993 e 2000, depois de 2002 e 2003 e também entre 2018 e 2019.
Para o delegado Antonio Silvino Teixeira, titular da 67ª DP (Guapimirim), ao DIA, pode haver mais vítimas. Ele pede que se houver mais pessoas abusadas pelo pastor, que elas procurem essa delegacia policial ou qualquer outra perto da residência para denunciar o líder evangélico. O investigador reforça que nunca é tarde para denunciar e que as vítimas serão acolhidas na unidade policial, inclusive por agentes femininas.
A 67ª DP está localizada na Estrada do Bananal nº 1.919, no bairro Bananal. Fica perto do Fórum de Guapimirim, do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e da antiga Worthington, onde funcionam algumas secretarias da Prefeitura de Guapimirim.
O pastor Dudu atua na Igreja Assembleia de Deus da congregação Monte Horebe, no bairro de Citrolândia. Sua prisão está embasada no artigo 217-A do Código Penal (Lei nº 2.848/1940), que trata do delito de estupro de vulnerável.