Três criminosos responsáveis pelo abate ilegal de cavalos são capturados e levados para a 67ª DP (Guapimirim) Foto: Divulgação
Polícia fecha abatedouro clandestino de cavalos e prende três pessoas em Guapimirim
Os animais eram abatidos e vendidos ilegalmente como se fossem carne bovina
A operação policial
Guapimirim – Um abatedouro clandestino de cavalos foi fechado no bairro Parada Ideal, em Guapimirim, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por policiais civis da 67ª DP (Guapimirim), com apoio logístico e operacional de policiais militares do 34º Batalhão de Polícia Militar (34º BPM), nesta terça-feira (10), durante a Operação Captura XI. A ação conjunta foi organizada pela Delegacia-Geral de Polícia da Baixada (DGPB). Na ocasião, três pessoas foram presas em flagrante.
Os três detidos são: Thiago Barbosa Ribeiro, de 28 anos, considerado o responsável pelo local; Fábio dos Santos Francisco, de 35 anos; e Fabiano Leal Gomes, de 30 anos. Estes dois faziam o abate e se desfaziam dos restos dos animais, sempre cumprindo ordens de Thiago Ribeiro.
Segundo as investigações, os criminosos abatiam clandestinamente cavalos e os vendiam em açougues como se fossem carne bovina e sem os devidos registros dos órgãos sanitários.
No Sítio Fazenda Lagoas, em Guapimirim, uma média de 25 cavalos, oriundos do estado do Espírito Santo e do bairro Tinguá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, chegavam semanalmente de carreta durante a madrugada. O bando atuava sempre durante essa faixa horária na matança dos animais e no transporte para o comércio.
Quando os policiais chegaram ao sítio, se depararam com dois animais agonizando em estado deplorável, deitados na rua principal da propriedade. O forte odor atraía urubus. Um dos equinos teve o olho comido por essas aves, enquanto ainda estava vivo.
Um terceiro equino foi encontrado agonizando no solo e com orelhas e partes do corpo cobertas por carrapato. Outros 20 cavalos foram achados em estado de desnutrição numa área cercada.
Ainda no sítio, os policiais civis e militares se depararam com vários buracos parecendo covas, os quais foram escavados com auxílio de uma draga. Foram achadas inúmeras ossadas de cabeças de cavalos.
Aos fundos do sítio passa o Rio Soberbo, que está com uma parte assoreada devido ao acúmulo de vísceras dos cavalos que eram jogadas. Grande parte do material foi levada pelas correntezas durante as fortes chuvas dos últimos dias.
Crimes, abate e consumo
As prisões ocorreram em cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido pela Vara Criminal da Comarca de Guapimirim. Thiago Ribeiro, Fábio Francisco e Fabiano Gomes vão responder pelos delitos de: maus tratos aos animais, poluição ambiental com risco à saúde humana, previstos nos artigos 32 e 54 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), respectivamente; venda de produtos alimentícios em desacordo com determinações oficiais quanto à composição, previsto pelo artigo 1º da Lei de Economia Popular (Lei nº 1.521/1951); estelionato e associação criminosa, conforme artigos 171 e 288 do Código Penal (Lei nº2.848/1940), respectivamente.
O próximo passo das investigações será descobrir outros integrantes da organização criminosa e quem seriam os atravessadores e comerciantes que adquiriam carne equina ilegal.
No Brasil, a comercialização e o consumo de carne de equinos são permitidos, conforme a Lei nº 9.013/2017, contudo o abate precisa ocorrer em locais sob inspeção veterinária, havendo necessidade de inscrição no Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Apenas cinco estabelecimentos no país possuem licença como “fabricantes” de carne de cavalos, sendo três deles na Bahia, um em Minas Gerais e mais um no Rio Grande do Sul.
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