Imagem ilustrativa de um eleitor votando numa urna eletrônicaFoto: TRE-GO - Divulgação

Guapimirim – A Diocese de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, emitiu nota às comunidades católicas, contendo 11 orientações para as eleições municipais de 2024, cuja corrida teve início, oficialmente, nessa sexta-feira (16). Entre os itens mencionados estão de que ‘a Igreja Católica não possui candidatos nem partidos políticos’ e que ‘os clérigos, padres e diáconos não utilizarão de suas funções para expressar apoio a qualquer candidato ou partido’, além da vetar o uso de espaços religiosos para proselitismo político.
O texto é assinado por Dom Joel Portella Amado, bispo da Diocese de Petrópolis. As orientações estão baseadas na Mensagem para as Eleições Municipais de 2024 divulgada pela Regional Leste 1 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no último dia 31 de maio.
O texto fala ainda em discernimento, escolha de candidatos honestos, competentes e com histórico de serviços prestados à comunidade, além de destacar sobre não associar o uso de nome de campanha à atividade religiosa, por exemplo, ‘Maria Catequista’, ‘Juca da Juventude’, entre outros.
A Diocese de Petrópolis tem jurisdição sobre as paróquias localizadas em Areal, Guapimirim, Magé, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Teresópolis e em parte de Paraíba do Sul e Três Rios.
Veja as recomendações
1) Participação política: é louvável o empenho dos candidatos na concretização de sua fé também nas diversas formas de cuidar e promover o bem comum, participando tanto na vida política elevada em nossos municípios, bem como no cuidado de políticas públicas, através dos diversos conselhos existentes em cada município. Essa participação é incentivada, devendo sempre ser vivida em vista do bem comum e da sensibilidade aos mais pobres. O engajamento político é parte importante da vivência da fé.
2) Candidatos ditos da Igreja: a Igreja Católica não possui candidatos nem partidos políticos. Cada pessoa é chamada a seguir sua própria consciência, devendo, por certo, esclarecer-se da melhor forma possível a respeito de quem pede voto.
3) Apoio a candidatos ou partidos: os clérigos, padres e diáconos não utilizarão suas funções para expressar apoio a qualquer candidato ou partido. Os leigos e leigas o farão, exatamente em decorrência de sua responsabilidade batismal, não utilizarão para isso as funções ou atribuições que exerçam em suas comunidades.
4) Orientação: os padres e diáconos se esforçarão por ajudar os leigos e leigas a bem votarem, discernindo candidatos que, marcados pela honestidade, competência e serviços prestados à comunidade, seguem os valores indicados pela mensagem da Regional Leste 1.
5) Uso de imagens e publicações: Não é autorizado o uso de fotos, filmagens, postagens nas redes sociais e outras formas de manifestação em relação a candidatos ou partidos. Fotos e filmagens com bispo diocesano não implicam apoio nem indicação para voto.
6) Participação de candidatos: membros de comunidades católicas, quando candidatos a cargos eleitorais, poderão a exercer suas atividades apenas como comunidades e nos momentos onde usualmente já as exercem, sendo-lhes, consequentemente, vedada a participação em novas ou diferentes atividades.
7) Trajes em atividades pastorais: ao participarem de atividades que já exercem, os candidatos não utilizarão indicação eleitoral alguma. Servirão, por exemplo, na liturgia e em outras atividades com as vestes e insígnias que sempre tiverem utilizado, sem camisetas, adesivos ou outras identificações eleitorais.
8) Nomes ligados à atividade na Igreja: o uso de nomes ligados à atividade na Igreja, como, por exemplo, “José Ministro”, “Maria Catequista”, “João dos Casais”, “Juca da Juventude” ou outros nomes, embora ajudem as pessoas a identificarem quem é o candidato, não será compreendido como sendo uma candidatura da Igreja.
9) Utilização de dependências: os espaços físicos de nossas igrejas (salões, salas de catequese e outros) podem ser cedidos para contato com candidatos, desde que observadas rigorosamente as indicações da legislação eleitoral em vigor. Os espaços específicos das igrejas, conhecidos como “naves”, não serão utilizados em hipótese alguma, mesmo que trasladado o Santíssimo Sacramento para outro local durante o evento.]
10) Encontros com candidatos: o contato direto com os candidatos é fundamental. Recomenda-se que, para isso, sejam usados os espaços das residências e outras dependências comuns em cada localidade. Grupos e famílias podem e devem organizar tais encontros, os quais não contarão com a presença dos clérigos (padres e diáconos).
11) Conflitos: Deve-se evitar que as diferentes perspectivas em relação a partidos e candidatos se transformem em conflitos e embates, cujo resultado é sempre negativo para todos, afetando até mesmo vínculos familiares e amizades de longa data.
A referida mensagem da Regional Leste 1 da CNBB fala em não desperdiçar o voto, valores cristãos a serviço do bem comum, ‘a defesa e a promoção da vida desde a concepção até a morte’, ‘valorização da família’, ‘ensino religioso confessional plural’, ademais de moradia digna, ‘olhar humano para a população em situação de rua’ meio ambiente, equilíbrio entre os poderes legislativo e executivo, acesso à saúde e à educação como algumas das soluções para superar as desigualdades sociais.
“As eleições municipais de 2024 oferecem a todos nós a possibilidade de contribuirmos para a construção da comunhão e da amizade social. Por isso, cuidado! Das eleições não devem ficar legados de divisão e inimizade. Nossa fraternidade precisa sair reforçada, ‘pois em Cristo somos todos irmãos e irmãs’ (Mt 23,8)”, manifestou a CNBB.