Projeto integra agrofloresta no Quilombo de BongabaDivulgação

Magé - No coração do Quilombo de Bongaba, em Magé-RJ, uma iniciativa transformadora tem impulsionado a regeneração ambiental e o fortalecimento da identidade cultural local. Conduzido pelo Instituto Sinal do Vale, membro do Movimento Viva Água, que congrega uma ampla gama de organizações públicas e privadas, o projeto de plantio agroflorestal uniu a comunidade quilombola — cujas raízes remontam à resistência desde 1696 — a equipe do Sinal do Vale e a voluntários internacionais, criando uma rede colaborativa que visa restaurar o ecossistema degradado.
Ilé Ògún Àlákòró atuou junto ao Naeco (Núcleo de atenção Ecológica) regido pelo orixá Ossain em parceria com o Sinal do Vale dá um passo importante com a plantação da Agrofloresta.
Projeto integra agrofloresta no Quilombo de Bongaba - Divulgação
Projeto integra agrofloresta no Quilombo de BongabaDivulgação
Esse esforço se integra de forma estratégica com os projetos do Roteiro do Vale da Estrela e, de maneira especial, com o Caminho do Recôncavo da Guanabara, ampliando as iniciativas de desenvolvimento sustentável e turismo cultural na região.
Pai Paulo, líder espiritual do Quilombo de Bongaba, ressaltou a relevância da iniciativa, que reflete os princípios de harmonia e cooperação com a natureza, fundamentais na espiritualidade de matriz africana.
Contexto Histórico e Desafios Locais
O Quilombo de Bongaba, certificado pela Fundação Palmares, abriga aproximadamente 250 famílias que carregam uma rica história de luta e resiliência. A comunidade enfrenta desafios ambientais significativos, como a contaminação hídrica decorrente de aterros mal geridos, inundações frequentes e a precariedade da infraestrutura. Em resposta a esses problemas, o Instituto Sinal do Vale idealizou um projeto de agrofloresta com o objetivo de regenerar o solo, proteger os recursos hídricos e promover a inclusão socioeconômica.
A participação de voluntários de diversos países e lugares do Brasil foi um diferencial marcante, trazendo novas técnicas e promovendo um intercâmbio de conhecimentos que uniu práticas modernas com os saberes tradicionais dos quilombolas. Esse diálogo entre culturas visa transformar o projeto em um laboratório vivo de inovação, com impacto ambiental e social positivo. Bruno Lenzi, especialista em agrofloresta, ressaltou a importância de resgatar em um território, outrora foi habitado pelos indígenas, esses sistemas agrícolas integrados que foram usados por séculos como forma sustentável de produzir alimentos enquanto preservavam o equilíbrio ecológico.
Projeto integra agrofloresta no Quilombo de Bongaba - Divulgação
Projeto integra agrofloresta no Quilombo de BongabaDivulgação
O Roteiro do Vale da Estrela é uma iniciativa que visa recuperar uma região historicamente rica em cultura, belezas naturais e conexões econômicas. O antigo Vale da Estrela, com sua exuberante vegetação e rede de rios navegáveis, foi palco de intensos intercâmbios culturais e comerciais ao longo dos séculos. Hoje, o roteiro busca reviver essa memória, integrando projetos de preservação ambiental e turismo sustentável, associando o antigo Porto da Estrela com suas ruinas históricas ao Parque Municipal Barão de Mauá, um dos maiores exemplos de recuperação de mangue do Brasil, ao Quilombo de Bongaba.
Ao incorporar o sistema agroflorestal no Quilombo de Bongaba, o projeto contribui para a reabilitação de áreas degradadas e cria pontos de interesse turístico. Trilhas educativas e áreas de contemplação possibilitam que visitantes aprendam sobre as técnicas de regeneração e se conectem com a história e os saberes tradicionais da região.
Conexão com o Caminho do Recôncavo da Guanabara
O Caminho do Recôncavo da Guanabara é uma rota histórica e cultural que percorre territórios marcados pela presença dos povos originários, africanos e colonizadores. Essa rota desempenhou um papel fundamental na formação econômica e social da região, facilitando o intercâmbio de mercadorias e ideias. Hoje, o Caminho do Recôncavo não só celebra esse legado, mas também se transforma em um percurso turístico e educativo que preserva a memória dos antigos trajetos e destaca a importância da sustentabilidade.
Integrar o projeto agroflorestal ao Caminho do Recôncavo amplia a narrativa regional. Os espaços regenerados no Quilombo de Bongaba se inserem nesse roteiro, criando uma experiência enriquecedora para os visitantes. Tours guiados e atividades educativas permitem que o público conheça de perto as práticas regenerativas e entenda o papel dos quilombolas na formação histórica da região, promovendo um ciclo virtuoso de preservação ambiental, educação e valorização cultural.