Teerã - Os restos do avião, da companhia aérea Aseman Airlines, caído no domingo, na Cordilheira de Zagros, foram achados após dois dias de busca em condições difíceis. Com 66 pessoas a bordo, a aeronave fazia o trajeto Teerã-Yassuj, no sudoeste do país.
Apesar dos cerca de 60 helicópteros mobilizados na segunda-feira, a neve e o nevoeiro complicaram consideravelmente o trabalho dos socorristas. Nesta terça-feira pela manhã, a melhora nas condições meteorológicas permitiu mais visibilidade.
O porta-voz do exército de elite do regime, Ramezan Sharif, afirmou que na segunda-feira, drones dos Guardiões da Revolução começaram a estudar minuciosamente o terreno e, nesta manhã, dois helicópteros das Forças Aeroespaciais foram enviados para o local do acidente. "Um helicóptero dos Guardiães da Revolução localizou, nesta manhã (de terça), os destroços do avião no Monte Dena", anunciou.
Segundo a emissora pública Irib, um dos pilotos dos drones disse ter visto "corpos dispersos ao redor do avião".
Mais de 100 pessoas participaram das buscas
O avião acidentado, que está em serviço desde 1993, partiu de Teerã no domingo de manhã para fazer o trajeto entre a capital e Yassuj, cerca de 500 quilômetros ao sul. A aeronave desapareceu das telas dos radares durante uma tempestade de neve, quando se aproximava de seu destino.
O Bureau de Estudos e Análises para Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) anunciou o envio de três investigadores e assessores técnicos ao Irã. Sua chegada não foi confirmada por fontes iranianas.
Frota obsoleta
O acidente reavivou as preocupações com a segurança aérea no Irã, amplificadas nos últimos anos pelas sanções internacionais impostas à República Islâmica. Em dezembro de 2016, a Aseman Airlines foi colocada na lista negra de companhias aéreas proibidas na União Europeia (UE). Ela é uma das três únicas companhias proibidas nominalmente de operar no espaço aéreo europeu. As outras 190 enfrentam essa interdição por seu país de origem.
O Irã já acusou os Estados Unidos de colocarem seu sistema de transporte aéreo em risco em função das sanções comerciais americanas, afirmando que elas dificultam a manutenção e a modernização de frotas que vão-se tornando obsoletas. No auge das sanções, a Aseman foi obrigada a deixar em terra vários de seus aviões, em função das dificuldades de se obter peças de reposição.
O Irã enfrentou algumas catástrofes aéreas desde 2003. O último grande acidente no campo da Aviação Civil remonta a 2014, quando 39 pessoas morreram na queda de um Antonov 140.
Números da Flight Safety Foundation, uma ONG baseada nos Estados Unidos, sugerem que o Irã continua abaixo da média em termos de adoção de normas de segurança da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci).