Washington - Enfrentado a onda de indignação gerada pelo violento ataque a tiros que matou 17 pessoas em uma escola na Flórida na última quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mudou ligeiramente sua postura em relação ao debate sobre armas de fogo no país. Nesta terça, ele propôs proibir o uso de um dispositivo carregamento semiautomático conhecido como "bump stock", o mesmo usado pelo atirador do massacre em Las Vegas, em outubro de 2017, que deixou 58 vítimas.
Segundo uma pesquisa publicada nesta terça pelos jornais Washington Post e ABC, mais de seis em cada dez americanos consideram que a Casa Branca e o Congresso não fazem o necessário para prevenir os cada vez mais comuns ataques a tiros em massa. A mobilização dos sobreviventes do ataque ao colégio na Flórida reacendeu o interesse dos meios de comunicação no debate, que permaneceu paralisado durante bastante tempo. Dezenas de sobreviventes planejam falar com legisladores sobre o controle de armas e segurança escolar na Assembleia do estado, em Tallahassee.
Menos de uma semana depois do ataque, a Câmara de Representantes da Flórida rejeitou uma proibição a fuzis de assalto e carregadores de grande capacidade em uma votação por 36-71, em uma sessão que começou com uma oração pelas vítimas da matança.
Diretriz
Apoiado firmemente pela Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), o poderoso lobby das armas de fogo, Trump tenta equilibrar um candente tema. Após afirmar que na segunda-feira receberá estudantes, professores e representantes das forças de ordem, o presidente também prometeu medidas "concretas para que as escolas sejam mais seguras".
"Devemos deixar para trás debates já superados e nos concentrarmos em soluções práticas e medidas de segurança que funcionem verdadeiramente", disse.
Falta de ação
Em um tuíte na segunda-feira, Donald Trump manifestou sua disposição para reforçar o controle dos antecedentes do compradores de armas de fogo, sem detalhar até onde estava disposto a chegar.
A Casa Branca comunicou na terça que estava aberta a uma discussão sobre a eventual fixação de uma idade mínima para a compra de armas semiautomáticas dotadas de carregadores de alta capacidade como o AR-15, usado por Nikolas Cruz, o jovem atirador da Flórida. "É algo sobre o qual estamos dispostos a discutir e que deve ser abordado nas próximas semanas", declarou Sarah Sanders, porta-voz do Executivo.
Versões do AR-15 foram usadas na maior parte dos mais recentes massacres nos Estados Unidos, como da escola primária de Newton, em 2012, no qual 20 crianças foram assassinadas.
Alunos do colégio de Parkland, onde ocorreu o massacre da última semana, anunciaram que em março realizarão uma "Marcha por nossas vidas" em Washington e outras cidades para reivindicar um controle mais estrito sobre as armas de fogo.
Tocados pela iniciativa, o ator George Clooney e sua esposa Amal declararam que doarão 500 mil dólares em prol desta iniciativa. A mesma ação foi anunciada pela apresentadora Oprah Winfrey, para quem essa mobilização é comparável às lutas nos anos 1960 contra a segregação racial, assim como pelo cineasta Steven Spielberg e sua esposa, a atriz Kate Capshaw.