O presidente chileno, Sebastián Piñera, em 26 de abril de 2018, em visita oficial à Casa Rosada, Buenos Aires - AFP
O presidente chileno, Sebastián Piñera, em 26 de abril de 2018, em visita oficial à Casa Rosada, Buenos AiresAFP
Por AFP

Santiago - Cerca de 2 mil pessoas se manifestaram neste domingo (31) em Santiago do Chile em repúdio ao sistema de aposentadoria herdado da ditadura de Augusto Pinochet e à reforma que o presidente de direita Sebastián Piñera pretende implementar.

Famílias inteiras chegaram à praça Itália, onde começou a passeata convocada pelo coletivo No+AFP, que desde 2017 exige o fim dos Administradores de Fundos de Pensão (AFP), que gerem as aposentadorias e são duramente criticados por oferecer pensões muito baixas. Em muitos casos, as aposentadorias ficam abaixo do salário mínimo, que é de cerca de 400 dólares.

"Estamos aqui para protestar contra as injustiças dos AFPs, por causa da desigualdade que existe. Tenho 56 anos, quando me aposentar, vou receber uma ninharia. É por isso que estou na rua, é por isso que estou me mobilizando", disse à AFP Walter, um funcionário público.

As contribuições para a aposentadoria são feitas apenas pelo empregado, e não pelo empregador, um dos pontos mais criticados pelos chilenos.

O presidente Sebastián Piñera anunciou no ano passado uma reforma a esse sistema, mas os cartazes e gritos dos manifestantes visam pôr fim a este criticado modelo previdenciário.

Piñera "pretende continuar incorporando medidas que não fazem nada além de manter o respirador artificial deste sistema que está em colapso, parece ser uma provocação", criticou Luis Mesina, porta-voz do movimento No+AFP.

Durante seu governo, a ex-presidente socialista Michelle Bachelet (2014-2018) enviou ao Congresso três projetos para reformar o sistema, propondo que as pensões fossem aumentadas em 20% e que o empregador contribuísse com 5% da pensão - dos quais 3% iriam para as contas dos trabalhadores e os restantes 2% para poupança coletiva.

Os Administradores do Fundo de Pensão foram criados durante a ditadura de Pinochet (1973-1990) por José Piñera, irmão do atual presidente chileno, como um sistema pioneiro de capitalização totalmente individual usado como modelo em vários países - inclusive para a Reforma da Previdência que o ministro brasileiro da Economia, Paulo Guedes, almeja implementar.

Você pode gostar
Comentários