O meganavio Ever Given encalhado e bloqueando o Canal de Suez, no Egito
O meganavio Ever Given encalhado e bloqueando o Canal de Suez, no Egito Autoridade do Canal de Suez/AP
Por AFP
Rebocadores e dragas eram usados nesta sexta-feira (26) para tentar desencalhar o porta-contêineres de 400 metros de comprimento que bloqueia há quatro dias o Canal de Suez e afeta duramente o frete marítimo, mas ainda não é possível saber se a operação para abrir novamente a rota comercial chave entre Europa e Ásia vai demorar dias ou semanas.
A empresa responsável pela operação de "resgate" do cargueiro "Ever Given", a holandesa Smit Salvage, afirmou que podem ser necessários "dias ou até semanas" para a retomada do tráfego pelo canal, por onde passa 10% do comércio marítimo internacional.
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O incidente, que aconteceu na terça-feira devido provavelmente a ventos violentos combinados com uma tempestade de areia, provocou grandes engarrafamentos.
De acordo com a revista especializada Lloyd's List, quase 200 países estão bloqueados nas duas extremidades e na zona de espera situada na metade do canal. O problema causou grandes atrasos nas entregas de petróleo e de outros produtos.
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A gigante do transporte marítimo Maersk e a alemã Hapag-Lloyd informaram que examinam a possibilidade de desviar seus navios e passar pelo Cabo da Boa Esperança, um desvio de 9.000 quilômetros e 10 dias adicionais de viagem margeando o continente africano.
Os custos globais são elevados para o transporte marítimo de mercadorias em contêineres, com uma estimativa de 5,1 bilhões de dólares por dia em direção a Europa e US$ 4,5 bilhões no sentido Ásia, de acordo com a Lloyd's List.
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Desde quarta-feira, a Autoridade do Canal de Suez (SCA, egípcia) tenta desencalhar o cargueiro, de mais de 220.000 toneladas.
"Estão utilizando rebocadores e dragas para romper as rochas e tentar liberar a embarcação", afirmou à AFP uma fonte da empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do navio.
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A SCA informou que será necessário retirar entre 15.000 e 20.000 metros cúbicos de areia para chegar a entre 12 e 16 metros de profundidade, o que permitirá trazer novamente à tona o colossal porta-contêineres.
Uma maré alta esperada para o início da próxima semana pode ajudar as equipes técnicas.
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O Egito recebeu várias ofertas de ajuda internacional, incluindo Estados Unidos e Turquia.
Mohab Mamish, assessor do presidente egípcio Abdel Fatah al Sissi para o setor portuário, afirmou na quinta-feira à AFP que a navegação seria retomada "em 48 ou 72 horas no máximo".
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"Tenho experiência em várias operações de resgate deste tipo e, como ex-presidente da Autoridade do Canal de Suez, conheço cada centímetro do canal", disse Mamish, que supervisionou a recente ampliação da via marítima, muito movimentada.
Mas algumas horas antes, a empresa holandesa Smit Salvage advertiu que a operação poderia demorar "dias ou até semanas".
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A empresa que explora o navio, Evergreen Marine Corp, com sede em Taiwan, encomendou da Smit Salvage e da empresa japonesa Nippon Salvage um "plano mais eficaz" para desencalhar o navio. Os primeiros especialistas chegaram na quinta-feira.
A Smit Salvage já participou em grandes operações de resgate, como o submarino nuclear russo Kursk e o cruzeiro italiano Costa Concordia.
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Incidentes "raros"
Quase 19.000 navios atravessaram o canal em 2020, segundo a SCA, média superior a 51 por dia.
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Um relatório da Allianz Global Corporate & Specialty sobre segurança marítima aponta que o "Canal de Suez apresenta um excelente balanço de segurança em seu conjunto, e os incidentes de navegação são extremamente raros, com 75 incidentes na última década".
Segundo a jornalista britânica Rose George, autora de um livro sobre transporte marítimo, o setor "fornece 90% de tudo o que precisamos e por isso somos fundamentalmente dependentes dele".
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Ela também indica que "mais de dois terços dos acidentes marítimos são provocados por erros humanos".
Um responsável da diplomacia russa considerou nesta sexta-feira que o bloqueio do Canal de Suez mostra a necessidade de fortalecer o trajeto marítimo no Ártico russo.
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"O incidente do Canal de Suez revelou a necessidade de continuar desenvolvendo rotas alternativas, começando pela Rota Marítima do Norte", disse Nikolai Korshunov, responsável da cooperação internacional no Ártico para a chancelaria russa, citado pela agência de notícias Interfax.